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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Luci vive

Eram grandes seus olhos, sua boca era faminta por menos humanidade, sua loucura devorava os dias como se fossem dedos sem unhas, e ela dançava em volta dele num ritmo de oração a catar das ruas flores já esquecidas. Eu passei minha vida a observar o que ela procurava no ponto acima da sua cabeça, talvez era falta de movimento, ou quem sabe era a melhor maneira de se manter gente. Ela não tocava no ponto, não sei se era medo do depois ou era só uma forma de agradecer a lucidez que permanecia depois dos encontros consigo mesma.


Celso Andrade

sábado, 20 de abril de 2013

O que dizer amor além do corpo que em véspera era só um corpo a me unir a ele com alma, mas era só corpo amor, e ele se foi em passos largos de dias, de sábados e domingos, quando caminhávamos entre os cafés da Sicília, mais amor eu quero só falar do corpo, esse que você me trouxe pra então adorar entre um culto e outro no escuro da sua casa, a pedir sem nenhum remorso perdão pelo humano em mim, pelo susto de viver que até você, corpo chegar deu nome a isso que brota, e se corpo não fica, também não durmo, continuo esperando a olhar pela luz que sai no seu quarto. Quantos a noite esperou por alguma resposta ?
A Morte verbaliza no terminar da luxúria.
Só eu volto a espiar pela janela o tempo que nem sequer ousará a se repetir, então o chamo de meias loucuras do corpo com o tempo, o nosso amor mais adormecido.


Celso Andrade