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sábado, 30 de abril de 2011

O dia em que não apareceu ninguém


E eu já estava acostumado a fazer e desfazer amores, fossas, parecia até a fuga da minha existência, mais não esse era o meu destino, o de muito esperar, o de pouco pedir, o de nada receber. eu que em matéria de casamentos, namoros, nunca fui muito bom, já podia receber título de PHD, e há quem diga da minha vida só o futuro me serve. Vi todo meu ser tratado em vão, e do chão ninguém o levanta.


(Celso Andrade)

domingo, 17 de abril de 2011


E que boca se atreverá a beijar ansiosa essa multidão de cães, famintos e espalhados pelos sábados e domingos, ou quem se atreverá a encostar nesse corpo conduzido pelo tempo condenado ao infortúnio desafeto, quem procurarás na distância tamanha solidão. Mas a casa já não abriga tanta coisa como antes, só uns sapatos, uma ou outra impressão digital da alma, uns palavrões gravados pelas paredes da cozinha, a cama sem os pés, o guarda roupa sem as minhas roupas. E se eu voltasse faria uma faxina, recolheria os pertences dos outros e de porta em porta devolveria objeto por objeto aos respectivos dono. Não me imagino com cinquenta anos e ter ajuntado em casa restos de gente.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

felicidade na esquina..


E furtivamente assaltarei a felicidade na esquina mais próxima, a mais perigosa de todas, e me deixarei seduzir pela noite dos encontros. Numa esquina você nem imagina o que te espera, as vezes surpresas, outras vezes transbordará de compaixão pela alma dos que encostarem ao seu lado. Pelo esforço humano e desnecessário na busca de amor, paixão e essas coisas que só um outro ser lhe pode ofertar, não perdemos tempo. sejamos objetivos nos olhares, na bebida escolhida sempre mais um copo, nunca é demais a felicidade de bar.


(Celso Andrade)