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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011


Eu acho que já morei em Paris na década de 20 porque:
Primeiro foram os prédios antigos-nostálgicas viagens,
depois as misturas de cores convidando para um  passeio em cada bar iluminando o cinza da noite, a bebida, e as luzes me remetiam ao de "dentro", havia umas moedas no bolso, poucas palavras uma espécie de liberdade e o sexo explodindo em todos os cantos. Voragem.
Era só um rádio antigo tocando uma música inglesa qualquer.


Celso Andrade

sexta-feira, 18 de novembro de 2011


Abandonamos as fantasias, tapas me soam como beijos.
Hoje  não fixo o olhar, a visão foi feita para o mundo absorver.
A liquidez? Mora comigo.


Celso Andrade.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Eu ando por ai acompanhado por um solo de violino,
praças, bancos e praias.

Louco se soubessem que não existe silêncio
além das poucas pausas entre um ônibus e outro.


Celso Andrade

domingo, 30 de outubro de 2011



Os domingos assim como os "agostos", são inspirados numa fotografia cinza pintada sobre uma superfície distante e sem forma definida, onde qualquer tentativa de colorir soa infantil. Já os domingos milagrosos ficaram para trás numa tela também cinza sobre azul turqueza, pendurada sobre um piano de cauda, onde Mozart em suas partituras não publicadas, errava, errava e errava as cores.


Celso Andrade

domingo, 2 de outubro de 2011


Nem sempre fui salvo pelo bom humor, nem sempre o sonho foi maior que a rispidez instaurada sobre a tarde de domingo, volta, volta os ponteiros do relógio e fixa a calma que já não existe, mas repensa seriamente se precisa, e resolve ir embora antes que os caos o faça submergir a tempestade dos domingos, desse dia alegre para os que agitam as praças e praias, longe, longe pensa estar num futuro tão próximo e presente, diz baixinho, pensa lentamente sobre e o porque.


(Celso Andrade)

sábado, 24 de setembro de 2011


Falem-me das rosas já dizia pessoa, colham-na no quintal dos outros porque o meu anda quieto demais. A noite se divide em mim, uma é a certeza de nunca estar só, a outra se finge de humor, vez ou outra elas resolvem brigar e daí eu emudeço diante de qualquer roda, diante de qualquer plateia, então a noite em mim faz festa.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Te espero - Bobo e necessário.


Coração aos pedaços, quisera eu junta-los, quisera parecer são até você voltar, mas enquanto você não chega eu fumo, bebo e ouço umas musicas que me remete a alguma coisa que fizemos juntos, mas você nem sabe dos cacos de coração, nem da bebida que eu escondia de você e que me tem feito muito bem. Não ouso chorar de saudade, chorar a esses exatos  treze dias longe do beijo, do cheiro seu que não defino e penso qualquer coisa para não parecer fraco, então durmo, para te ver chegar, quem sabe amanhã você manda um e-mail, ou um sms, ou liga dizendo que sente minha falta.


Celso Andrade

terça-feira, 6 de setembro de 2011

E Setembro chega cheio de luz, e traz o inprescidível - vejo sempre mais um ano depois de Setembro, vejo o chão, eu vejo as antigas cantigas  cantadas ao vão.


Celso Andrade

sexta-feira, 2 de setembro de 2011


Dias perturbadores assolam o desejo, a vontade de estar, de se deixar levar por um sorriso que aporta faminta a esquina, mas eu não enchergo, eu que sou conhecedor do corpo do "outro", do cheiro do outro desconheço o caminho além de mim, além do que espero.
Então me confudo, me perco entre as noites, entre pessoas e copos de alguma bebida que agora mesmo já squeci o nome, entre tantos consolos e risadas falsas, inventada em alguma fábrica, para nos manter vivos.
A luz, sim essa que guia meus passos, essa que não me deixa emergir perante os outros até que o outro me leve para longe de tudo isso, longe de  mim, longe dessa mntira toda que invento todos os dias para criar uma estória verdadeira que infelizmente me pertençe e já é uma parte  tão minha que desconheço onde há falha, onde me perco, onde ninguém sabe desses segredos de mim e do outro que vai e vem a cada estrofe tocada por um violão de uma corda, que vai além de você.


(Celso Andrade)

domingo, 28 de agosto de 2011

 A solidão me aporta  sedenta pedindo explicação e cor em pleno sábado de Agosto -é os agostos.


Celso Andrade

domingo, 21 de agosto de 2011

Do vazio onde me mantenho preso. Da nostalgia dispenso a realidade que não me completa, não é suficiente.
Mas o vazio sempre presente, ocupando as lacunas deixada pelos dias.
Onde será que se encontra Deus?
No mais distante de toda essa euforia para pedir sossego.
Incompleto, Introspecto, Inato de dor, Invisível para além de mim mesmo.


Celso Andrade
Essa liquidez me inunda a alma, corpo adentro invade até não mais restar fôlego, acho que é isso que chamam de arrebatamento moderno e penetrável: Paixão


Celso Andrade

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Talvez fosse vertigem ou quem sabe voltando de maneira peculiar para casa, na verdade eu só estava tentando achar um caminho, qualquer coisa que me levasse de volta pra mim. Qualquer frase que soasse como: Continue.

Celso Andrade

segunda-feira, 8 de agosto de 2011


Tive febre das mas violentas, deixei de olhar as horas o tempo parou para o amor faz tempo. E eu? Começo a me mexer, em passos contidos enxergo o que ainda  não fui, e almejo o que ninguém viveu.


Celso Andrade

sábado, 6 de agosto de 2011

E nesse tempo, houve excessos, urgências demais, saídas frenéticas, dias deitado sem saber se é manhãou noite, falta de diálogo, desencontro... Expectativas frustradas, bobas ansiedades carregadas dias afora, barulho inexistente onde o telefone se desconhece, onde não me encontro, onde também me desconheço, me perco e sequer me procuro, nenhuma ajuda, nenhuma fuga, e eu desapareço e ninguém imagina que estou morto, que sou um fantasma tentando aprender o jeito certo de dizer sim, e encontrar o fio da meada.


Celso Andrade

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Não somos mais o mesmo, o tempo constitui paredes e me mantêm distante do fomos um dia.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como esquecer



Tão familiar e sempre presente,

me veio visitar aquela dor

                                                         esquecida,
aquela dor de sabor corriqueiro.

E eu sem nenhum charme,

nenhum pudor
não pude evitar me afogar em lembranças.

Não estar mais preso a nenhum laço,
nenhum detalhe perturbante me tranquiliza.


(Celso Andrade)

sábado, 25 de junho de 2011

Qualquer caminho é melhor quando o que se tem é pouco ou nada, sair da encruzilhada escura e fria, reconhecer a estrada, qualquer lugar mesmo sem saber que se arrependerá ou não. Dores virão de manha cedo te cutucar, assoprar sua manhã sem menos esperar. É inexprimível, não posso viver sem mim mesmo sem querer sou a própria companhia da alma.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 22 de junho de 2011


- Eu queria ter ficado
- Eu queria ter dado tchau
- Me faça uma despedida
- O que eu fiz?
- Preferiu o silêncio
- Você partiu sem despedida
- Não houve fim apenas começo.


(Celso Andrade)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Oculta e áspera so-lidã-o


Sozinho em espécie, me excedo em silêncio, de mim já não sei, não me procuro mais, não me encontrei em canto algum, dizem que estamos com Deus. Avisaram que da própria companhia nos restará dias em que estarei comigo mesmo, mas não lembraram o "definitivamente abandonado".


Celso Andrade

quinta-feira, 2 de junho de 2011


Hoje é domingo e tenho medo do "nunca mais", não tenho espírito para saídas, conversas, telefonemas(meu celular daqui uns dias para por inutilidade), sem espírito para aquitetar encontros, excluir pessoas do meu círculo, caminhar, olhar sem extrair. Tentarei ser mais breve no abraço, mais curto na despedida, mais rápido na saída, tentarei a mudança de código, a distância será prolongada, quando topar comigo na rua serei outro, não ouse repetir esse nome, não lhe ponha outra face além dessa serena e imutável.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 1 de junho de 2011


Será?
Porque tudo que amo
é imoral
é ilegal
é clandestino meu coração.

É meu destino feito tatuagem
aprender a ser só
a não caminhar pelo limite
não reclamar ausências.

Pois é com ela
que me afogo todo dia.


(Celso Andrade)

sexta-feira, 27 de maio de 2011


E eu que não tinha muita fé, esperança, era de esperar todo essa gambiarra, não poderia o suicídio me livrar, a dor da caminhada, eu era cético, ocupava pouco espaço, ouvia demais, ria de menos, sonhava demais, só queria ter sossego, mais essa coisa de informação, mexeu comigo, me tirou o sono, o sossego, eu queria que tudo desse certo, que as coisas fossem um pouco mais fáceis, desde moleque questionava tudo, porque tendemos a infelicidade, se o que se busca é o contrário, é o sossego de espírito?  E o que faço com isso que sempre sobra no peito? Mato?


(Celso Andrade)

Vou



Porque o tempo me chama
Me rói
Me usa
Abusa da minha bondade.

Sentinela a espreita
Me come aos poucos
Aos pedaços arranca.

Não existe verdade
No tempo
Só a vaidade é eterna
E o mundo?
Arranca-me o pudor
Leva-me ao avesso
Tira-me o sono.

Apresso os passos
Não tem jeito
Me derruba
Me amassa
Depois me levanta
Dizendo-se esperança.

Caio outra vez
Alicia-me
Chamando-se Whisky
Me tira a virgindade
Parindo alegria
Nega pensão 
Chamando-se vida.


(Celso Andrade)

Liquidez



De maneira ou de outra eu sempre me pergunto: sobreviverás a mais uma despedida?
O outro vai e te leva junto, não o corpo, a alma, e faz o que quiser até que numa luta desigual você vira um vaso de flores outra vez e vive regrado pela água que te jogam sempre que precisa.
Silenciosamente me chamo sozinho, num escuro quarto molhado ao vento, lembro-me de alguém, nostalgia foi à maneira mais exata que fizeram para cortar os pulsos do ócio.
Ingênuo, me chamo sem-paciência, sem fé porque nada que não esteja a sua frente existe, nem isso que chamamos amor, até que ele apareça na sua frente não acredite.

(Celso Andrade)

sábado, 21 de maio de 2011


Vivo entre sombras
entre sustos
entre pessoas.

Eu me lembro de tudo
Eu fui ferido
Estou sem paz.

Estou com medo
Medo do medo de voltar
Ando apavorado
Ando descalço
Ando armado.

Só os que emergem sabem
Precisamos viver
Precisamos sonhar
Não temos saudade
não temos paz
Só queremos ser
nós outra vez.

Recomeçar
Hoje eu vou sair pra ver a lua,
me esconder dos carros
Vou roubar flores na rua.


(Celso Andrade)

segunda-feira, 9 de maio de 2011


Eu mecho com números,
namoro com música,
mais faço mesmo sexo
com as palavras.

É com a poesia
que me deito
toda noite.


(Celso Andrade)

Um sopro, um susto..


É pesado esperar, ceder espaço é fardo pesado.
Das linhagem dos românticos, sou o que não se encaixa em nada.
Deveras sentir o que toco, beijar o infinito inexistente.
Se eu soubesse, se você soubesse que loucura nos rodeia.
Chegue bem perto, e observe a leveza do olhar, a dureza do ser.
Novamente escute, ouça o que você não pode acompanhar.
Mais uma vez toque docemente.
E me leve daqui.


(Celso Andrade)

E as unhas estavam sujas, quando você partiu não tive mais pra quem me apresentar(jamais haveria elogios tão verdadeiros), então ficarão assim por muito tempo.


(Celso Andrade)

sábado, 30 de abril de 2011

O dia em que não apareceu ninguém


E eu já estava acostumado a fazer e desfazer amores, fossas, parecia até a fuga da minha existência, mais não esse era o meu destino, o de muito esperar, o de pouco pedir, o de nada receber. eu que em matéria de casamentos, namoros, nunca fui muito bom, já podia receber título de PHD, e há quem diga da minha vida só o futuro me serve. Vi todo meu ser tratado em vão, e do chão ninguém o levanta.


(Celso Andrade)

domingo, 17 de abril de 2011


E que boca se atreverá a beijar ansiosa essa multidão de cães, famintos e espalhados pelos sábados e domingos, ou quem se atreverá a encostar nesse corpo conduzido pelo tempo condenado ao infortúnio desafeto, quem procurarás na distância tamanha solidão. Mas a casa já não abriga tanta coisa como antes, só uns sapatos, uma ou outra impressão digital da alma, uns palavrões gravados pelas paredes da cozinha, a cama sem os pés, o guarda roupa sem as minhas roupas. E se eu voltasse faria uma faxina, recolheria os pertences dos outros e de porta em porta devolveria objeto por objeto aos respectivos dono. Não me imagino com cinquenta anos e ter ajuntado em casa restos de gente.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

felicidade na esquina..


E furtivamente assaltarei a felicidade na esquina mais próxima, a mais perigosa de todas, e me deixarei seduzir pela noite dos encontros. Numa esquina você nem imagina o que te espera, as vezes surpresas, outras vezes transbordará de compaixão pela alma dos que encostarem ao seu lado. Pelo esforço humano e desnecessário na busca de amor, paixão e essas coisas que só um outro ser lhe pode ofertar, não perdemos tempo. sejamos objetivos nos olhares, na bebida escolhida sempre mais um copo, nunca é demais a felicidade de bar.


(Celso Andrade)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Te mando flores

Te mando flores de onde ninguém  desconfia
Te olho de longe e você nem sabe que não te posso
Te peço desculpas por não querer
Por não poder adentrar.

Te mando alguns espinhos junto, e sem que perceba
Retiro pouco a pouco o teu perfume
Cuido apenas pra que a água não seque tão rápido
No dia em que amor não restar, te cubro de pétalas.

     A Jenifer - foi quase impossível não lembrar de você a cada linha escrita.


(Celso Andrade)

sábado, 12 de março de 2011

Excessos

Hoje me faltam as palavras
Esse que passou me despiu até delas
Mas volto de mansinho
Aos poucos reconstruo aquilo que chamo "outra vida"
Desse que não me sobra nada
Peço contas
Escrevo pra mim
Não dedico uma linha do meu tempo inútil,
Esse é o meu poema frágil.


(Celso Andrade)

sábado, 5 de março de 2011


É demasiado pesado e exige esforço que desconheço, carregar amores e seus devaneios, não nasci para tamanha tarefa, quero a leveza do existir, a liberdade de escolher nem que seja a solidão.


(Celso Andrade)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Só, como se nunca estivesse...


Meus amigos recebem flores, 
beijos e livros.
Eu recebo nãos, 
ausências 
......
e fugas.


 (Celso Andrade)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pequenos abandonos..


E depois que você se reduz a apenas uma mesa de bar solitária com amigos, dias inteiros em casa quem sabe, livro na mão para não sofrer um acidente fatal de tanto ócio, você não liga ou tem vontade de esperar na porta de casa ao chegar do trabalho, mais depois que você se reduz a algumas palavras como: Sou fraco por precisar da compreensão do outro, do abraço do outro, do outro tudo que já tornou prisioneiro dos pequenos detalhes, como: a mesma marca do carro, o restaurante frequentado. E sabe essa coisa de tempo que todo mundo fala, que vai passar e o cara lho.. não passa! Não muda! você se esforça para esquecer, vira psicólogo do próprio coração, e esse tempo pode ser uma vida inteira, já que não se sabe nunca quanto tempo os detalhes não mais te matarão dias a fora.
Tudo que preciso é te matar dentro de mim.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ah, quem me dera


Sentir,
quem me dera não ser assim
Conceber urgente o fogo outra vez,
outra vez sentir lentamente a chama
Fixar o calor da cama, o cheiro no sofá
Cruelmente mastigar cada beijo
Vãos anseios do homem
Ah, quem me dera
Só,
o amor adentrar.


(Celso Andrade)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011


Tudo tornou-se confuso
Virou solidão aparente
Tudo é tão pronunciado
silenciosamente em mim
que vira canção.

Aos desconhecidos
só lhes restam um punhado
de sensatez e palavras duras.

Me fecho numa tentativa
de segurar o fio antes de arrebentar
antes de enlouquecer,
antes mesmo de me doar ao acaso.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A isso, chamamos pequenas-esperanças


Os pequenos detalhes é que vão nos matando aos poucos, os jestos bonitos, os lugares frequentados evito para não me ferir mais do que posso suportar, o cotidiano torna-se nosso inimigo, o telefone é uma arma apontada sobre nossa cabeça, ouvir o nome é como ser jogado abismo abaixo sem aparo na descida, mais o sono é aliado como qualquer forma de abandono ou lembrança ruim. Sei que todas as manhãs esqueço nem que imperceptível aos olhos cada jesto, parte ou algo que me remeta a você. Dias e diasvivo e ninguém percebe que te mato aos poucos, mato o amor, a lembraça boa, as dores, seus gostos, a maneira de sentar ou dormir, as canções, viagens, dentre todas elas o sexo que de forma ou outra vai sendo substituído por outros corpos, bocas, sorrisos trocado. Mãos postas a nos levantar a cada hora, minuto e segundo que você vai sendo apagado de vez de mim do que fomos e por isso continuamos a gostar de tudo que tem vida.


(Celso Andrade)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Por isso tentamos e arduamente não desistimos.


Uma espécie de mão magica me segura para não enlouquecer, para não me levar em lugares muito conhecidos cheio de lembranças, há uma espécie de desespero gradual que aumenta e diminui a cada hora do dia, a cada ligação ou abraço recebido, qualquer tentativa de aproximação soa mais inútil que o suicídio desnecessário, debates e monólogos dias a dentro numa louca tentativa de não perder o fio da vida, da lucidez do desejo escondido de continuar, da contemplação do sol, do eu-que mais importa nessa hora.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Como um dia de domingo


Sempre me deparo com o não ter a quem ligar, ou olhar para metade da agenda e declara-lá inútil, ou tentar algumas pessoas, uns amigo distantes o qual não sabemos mais o que fazem ou onde vivem, mais sempre uma furada, falarão dos diplomas, das viagens a Europa, do casamento no fim do ano, do filho a espera, a primeira colocação no concurso, desisto mesmo antes de discar o primeiro número, então penso em sair conhecer gente nova, falar coisas que na manhã seguinte não te perguntarão, nem cobrarão promessas, nem te ligarão contando do namorado que a deixou esperando na porta do cinema, muito menos te chamará para ir a alguma festa forçado, fazer caras e bocas, perguntar de onde você é, o que você estudou, trabalha com o que, ou dizer umas verdades fúteis como você é bonito, diferente dessa gente toda, ou pedir-lhe um beijo sem gosto, beijo de sexo, depois sumir no meio da multidão com um martini ao lado, pedir seu telefone para fingir ligar no outro dia ou no meio da semana com vontade de fazer sexo, ou nem olhar mais a sua cara vazia, muda e quase irreconhecível de tantas, e muitas saídas, hoje não me rendo, o quarto é melhor que tudo, melhor com uma canção de final de filme trágico, coração pulsante a espera de que alguém ligue, nem que seja para a voz sentir chamar seu nome, apelido, perguntar como vai, o que esta fazendo, e você inventa alguma mentira para não repetir mais uma vez que esta escrevendo que não tem saco, nem vontade de usar a máscara do cotidiano, escovar os dentes pentear os cabelos, ou nada disso, acompanhar alguém a rua, ir ao teatro, chorar quando alguma coisa no espetáculo falar de vocês dois, lembrar a primeira briga, a primeira transa, a primeira semana sem se ver, a primeira ligação rejeitada, o último encontro, a última conversa. Pensou seriamente se queria viver a mesma vida de antes, não duvidou em escolher a roupa no guarda roupa, em passos largos quase dançante, escolhei um jazz antigo cheio de vozes finas, caprichosíssimas nuances repetindo o movimento do banho, quase triunfal de tanta vida escondida debaixo de cada desconforto passado, só resta uma noite tranquila e calma, talvez em algum restaurante, bar, ou mesmo a cama, acordar como se nada tivesse acontecido, ou pensar estar nascendo outra vez num belo dia de sol.


(Celso Andrade)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Fragmentos de uma Carta confessional l


Tenho quase a certeza de que preciso repensar se quero viver mesmo essa fantasia, a vida não é um filme que se mudas as partes, põe mascaras e encobre o que não é belo. Quando acho que fui premiado logo a repressão se faz presente, preciso de um tempo para mim, pensar no quero viver, se somos mesmo aquilo que éramos desde o início. Sei que tentamos mais não funciona, não acontece, preciso que vá. Te deixo ir, não tente me encontrar. O que muda se voltarmos a viver nossa vida como éramos antes de saber um ao outro, onde não tinha fantasia alguma? Partirei, não me procura tampouco fantasia, gosto do real, do que posso apalpar.

Te abraço.. forte
     Anônimo


(Celso Andrade)

Onde o homem impuro deposita seus fatídicos sentimentos e lhe joga migalhas, acredite no que não vê, a aparência sempre terá outra face e estará preparada para a qualquer momento mostrar-se inteira para o que você ainda não viu, se hoje te ri amanhã te empurrará da ponte mais próxima, acredite, você não sabe nada sobre o aparentemente conhecido, saiba que eu poderia estar aqui escrevendo uma porção de coisas bonitas, uma porção de coisas inventadas para te fazer feliz, alegre e o caralho a quatro, mais saiba que eu não estou inventando mais uma estoriazinha para me fazer nobre ou superior, mais é que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".


(Celso Andrade)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"Vivendo vozes"













Há alguém batendo ta porta,
pede para entrar com uma voz tênue e firme,
mais demoro a levantar,
já bateram assim outras vezes,
foram meninos de brincadeira,
as vezes quebram a maçaneta ou sujam a porta,
mais a voz as vezes perto outras longe
parece ilusão, ri, pergunta ou emudece
me fazendo homem, me fazendo menino
também não te vejo tampouco te toco.
O problema é que tenho espaço
pode ser loucura ou até cansaço,
mas o que faço?
Não faço mais nada além de te ouvir
falar essa canção que em mim ri.


(Celso Andrade)

Sempre tu a trocar-me as palavras
e não atrasar os passos
Sempre você a correr em sombras
e sonorizar meu silêncio,
é sempre tu a assassinar a
tristeza e fazer-me menino.


(Celso Andrade)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Novo? Só os pensamentos..

O que não umidece,
o que que não amadurece
o que nem ainda é chuva e amanhece num vão,
num porão escancarado para o dentro sentir brotar
do chão, da mão, dos nãos que a vida ainda nos dá.

Dos deuses na esquina mirar, esquecer, gargalhar
os tropeços, ócios e ofícios do viver
de se manter vivo, sóbrio dessa palhaçada de amor
não se pode vacilar, tropeçar jamais.

Cante, quando jamais não poder esqueça,
veja, aqueça as mão na lareira e volte,
retorne a luta enquanto sangue ainda houver
bata, peça, jamais implore.

Nunca impeça de alguém chegar, pular, sorrir
beijar, só não se deixe esmagar, ameaçar,
até arrebentar-se do medo de perder.


(Celso Andrade)