Sem prever algo que pudesse mexer com a nossa
tranquilidade aparente
atravessamos a sinaleira deparando-se um ao outro
e então os olhares cruzados emudecidos
relembrado o passado,
a falta de comunicação ainda presentes
nenhum acordo proposto
o corpo de antes não mais se comunicava
com o de hoje
nenhum resquício de paixão
nenhuma demonstração de piedade
ou carinho antes comum entre nós
desde então fomos seduzidos pelo horror
das relações humanas,
o qual estaríamos para sempre preso a essa fatalidade
na qual jogaríamos pessoas sempre
que pressentido o perigo, como forma
de não retornar aquele estágio anterior
o nosso
marcado pela incomunicabilidade
caprichada pelo ego.
Pela espera do último gesto,
a conversa foi iniciada algumas vezes
não houve acordo, diálogo
ou acerto de contas, mas
algumas palavras mal pronunciadas
como: Olá, tudo bem, namorando? Ja casou?
todas elas afirmadas, porém falsas.
Sabia que havia algo a contar
mas ela preferia o silêncio
como resposta aos próprios fantasmas
então calou-se
respondi com partida
-era a melhor forma de diálogo que dominava.
Então...
O sumiço
Como resposta a eventuais frustrações
desfaçamos o olhar cruzado
o eventual encontro, o susto
e as nossas lembranças
com silêncio, raiva e desprezo.
(
Celso Andrade)