Páginas

sábado, 3 de agosto de 2013

Estavam todos lá, o corpo, o ar desesperado, as pequenas mortes, o vício, como e costume a fotografia vinte anos mais novo, sequer alguma mudança, não haviam sonhos, havia rancor pendurado paredes adentro, no quarto o senso comum, a desesperança de quem já nasce no abismo- como uma boate escura e barulhenta, não há espaço para a solidão só a multidão salva. Intactos os cabides, as roupas sequer haviam sido retiradas do sol, outono já cansado ia embora como cachorro que já deixara de existir solitário na espera de dias mais quentes, era a repetição de ilusões- pendurado pelo tempo corroído por traças sem piedade dos que vivem de ilusão e inverdades. Isso foi o que encontrei dez anos depois que fui embora.



Celso Andrade