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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A - mar


E como numa caminhada fúnebre marchou rumo ao mar, a grande imensidão na sua frente, ajoelhou, falou umas três palavras, depois pôs-se a chorar, lembrou dos que ficariam, dos que sentiriam sua falta, pensou seriamente em todos, e não havia como voltar, era a sua prece altiva demais para ser negada, era a sua imensidão solitária maior que qualquer esperança ou sonho, entoou uns versos quase mudos, agora que se aproximara de Deus, resolveu voltar como quem nunca esteve aqui ou lá de onde veio, seguiu e olhou para trás algumas vezes para não esquecer o caminho.


( Celso Andrade)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

(D(espe)lho)



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 Não exiges demais o que não posso
Olhar-me ao espelho é tarefa dura
Saber dos olhos o que neles se passam,
Ah! quem dera saber de mim mesmo.

Não pergunteis às respostas sobre a verdade
Apregoa o que dos meus passos florescer,
pois da boca só silêncio anunciarei
Então abraçai-me quando eu calar;
      
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(Celso Andrade)

sábado, 13 de novembro de 2010

Para os excessos da convivência

Ah! quem diria, os excessos..
O silêncio na hora errada
ao invés do beijo alegre.

Quem diria amor,
você assassinado pelo ego
ferido por uma chaga antes nunca visto.

Hoje, é a concretização do futuro que não foi,
do que não se sonhou.

Hoje só a fuga,
o retrato não tirado amarelando no canto da alma.
a juras caladas na imensidão do incompreensível.
De tantos anseios amor não mais te recordarei,
mais acordo do sonho,
do irreal das relações que nos solapam até a fome,
à nostalgia em compartilhar o outro lado da cama.

Quem encontramos ao relento dos dias nem reparará
na nossa face o esplendor e a doçura de uma convivência estragada.
Ao que encontrar, pedirei que peça prece num antro religioso.
tomarei o ombro e dele farei aparar o pranto não derramado,
dele farei confessionário, mesmo sabendo da impossibilidade de cura.


(Celso -Eu )

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Era um dia desses qualquer
Eu dentro desse dia qualquer.

Dentro desse dia uma música
Dentre dessa música ninguém.

Esse dia pode ser hoje,
digo que é um dia qualquer
mesmo sendo hoje.

Há uma paisagem nesse dia
Nesse dia não chove
tampouco faz sol
o dia amanhece estático
até eu me movimentar;


(Celso Andrade)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Não há espaço para ódio nem ressentimento, sofrer é ultrapassado, o que eu quero mesmo não existe, coisa insana mesmo de quem não tem onde depositar sentimento pelo mundo, esse que mesmo não sendo acolhedor contru-o estradas e onde menos esperar lá estarei eu com meu lirismo.


(Celso Andrade)