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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


O preconceito não salvou ninguém,
o preconceito nunca salva, segrega e
enche o peito do homem que o faz
e destrói almas desarmadas.

O preconceito é maior que o homem,
maior que o homem são suas futilidades,
o preconceito é fútil, é alimento
de medíocres.

O preconceito derrubou casas,
dissolve lares, o preconceito não salva
mata inocentes, porque o preconceito
é maior que o homem.

Maior que o preconceito é a ignorância
o preconceito é um homem sem afeto,
maior que o preconceito do homem
é o oprimido de cabeça erguida.

Celso Andrade

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

I Motivo do poço - A saída


Era um dia frio e apenas uma vaga lembrança daqueles dias dentro do ciúme e da solidão do abandono, não que ela quisesse estar passando por aquilo -os piores dias da sua vida, dentro daquilo que se pronunciado à sua vista choraria desesperadamente afoita, o seu íntimo totalmente dilacerado, havia sido substituído por uma alegria jamais imaginada dentro daquele ciclo, pela primeira vez a vi sorrindo, parou de tomar medicamentos, havia soltado os escuros cabelos, pensou que remoer o passado é afundar mais no poço que não tem limites, cada memória lembrada, cada beijo sonhado, o cheiro, os traços da outra pessoa a afundava mais e mais, porém agora era só uma lembrança de algo que já não queria viver outra vez, então saiu para a rua e gritou bem alto que queria viver outra vez , mais não como aquela mocinha que fora um dia, nunca tinha visto Leilah com tanto brilho nos olhos de felicidade misturado aquele sorriso que nunca havia dado, era a possibilidade de viver outra vez tudo aquilo que não fora um dia: Livre.

Celso Andrade

terça-feira, 29 de dezembro de 2009


Apesar de todos os tropeços da vida, e suas frustrações que serão experiência ou danação de cada um, eu não perdi a capacidade de amar, nem tiraram -me a alegria, e essa louca vontade de amar continua pulsando em mim, as vezes sorrateiramente, outras mais latente, porém, nunca deixando que matem ou se vá com os amigos que se foram silenciosamente ou os amores que partiram num cortejo dilacerado, esse engajamento que habita em cada um tem que ser cuidado, mais que uma rosa nas mãos do jardineiro, como um filho que parimos internamente, criamos internamente, e morre somente quando morremos.

Celso Andrade

sábado, 26 de dezembro de 2009

O outro


O que mais me doía nos finais de relacionamentos eram as coisas não dita, os pensamentos sem êxito, e o buraco no coração cicatrizando enquanto não se esquece a outra parte, o outro lado, a convivência a dois, as banalidades a dois, a luxúria, o cheiro do outro, o jeito do outro cada vez mais seco e latejante no peito, esperando passar os dias dentro do vazio.

Celso Andrade

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

II Motivo do pigmento


Hoje eu quero falar das rosas, mas é preciso
que tire dos bolsos da alma todas as velhas
e podres rosas do passado das relações fracassadas,
porque rosa que é rosa só é rosa se for tratada
como rosa, plantada regada e cuidada,
não amassada, pisada e maltratada,
sendo assim o mundo fica rosa,
porém, germinada da paixão e da paz
deixando de ser rosa porque foi misturada,
e se misturada foi, exerce várias faces,
umas claras outras escuras, como o mundo
para uns é claro para outros escuro, não deixando
de ser mundo, porém rosa.

Celso Andrade

I Motivo do pigmento


Hoje eu não quero falar do amor,
da sorte, nem de mim,
Não quero me prender a desolações,
quero falar do azul, esse que te cobre
que me cobre e encobre o mundo
em dias de sol, porque o azul não provém
de ninguém nem precisa se misturar
para ser ele próprio, sem água ou pigmento
que possa-te gerar, como eu não preciso
falar do amor para senti-lo, pois sou o azul,
esse mesmo que cobre-me os olhos.

Celso Andrade

terça-feira, 22 de dezembro de 2009


Ainda ontem acordei nostálgico,
liguei para alguns amigos e
ninguém atendeu ou não quiseram
falar comigo, chorei um pouco,
dormi mais um tanto, ouvi Mozart
guardei minha dor no bolso e fui trabalhar,
é o que pode-se fazer quando o corpo
pede sustento e alma pode esperar consolo.

Celso Andrade


Outro dia fui a casa da minha amiga beber do teu silêncio,comer das tuas palavras, sentir sua respiração,apertar suas mão de experiência guardada entre as unhas sujas do dia a dia, escovar seus cabelos de esperanças entranhada nos fios e poros.
Ouvi suas lamentações, objeções da vida, seu conselhos sábios que só amigos mesmo na escuridão da vida entendem-se, salvando vidas
e construindo pontes de esperança.

Celso Andrade

Fragmento de fé


Não era essa a vida que tinha pedido a Deus,
tão pouco a mornidão do cotidiano,
eu pedi uma vida simples não parada,
eu pedi alegria não a loucura da adrenalina
eu só tinha uma fé pequena e barata
e isso bastava pra mim, só uma fé
que me fazia acreditava nas coisas
e pessoas, no mais trivial do sentimentos,
Deus, eu só queria ter esperança.

Celso Andrade

Bilhete da tolerância II


Espero a aura do dia que virá,
não do hoje apenas "vivido",
mais de um amanhã perspicaz,
não da moça que esconde
a bolsa do neguinho que passa
nem do mendigo que pede-me esmola,
quero a aura e a liberdade dos pássaros,
não da vizinha indiferente
nem do amigo fugidio de sempre,
desejo a fugacidade do vento
que os levam a outros bosques encontrar,
a brisa do mar que no cais
faz frio é lá que vou buscar.

Celso Andrade

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Íntimo domesticado


As vezes é preciso morrer por dentro
para deixar que o corpo exerce sua função,
sem o comprometer com dores diárias,
partidas inesperadas, paixões fracassadas,
para que as tarefas diárias sejam cumpridas
os deveres feitos e as obrigações em dia,
remexo em mim e onde está a felicidade?
procuro pelos cantos dos músculos,
cadê meu sorriso que ainda ontem estava aqui?

Celso Andrade


Não que eu estivesse para baixo
era só um violão tocando e eu...
parado ouvindo alma gemendo
de apreço e nostalgia cada nota
entrando-me aos poros
eu não queria nada só um amor
desses de inverno de aconchego
ouvindo o mesmo violão que agora toca
e me toca mais se amor não existir
quero apenas o amor do violão
que toca meu intimo e tira-me do vão.

Celso Andrade

sábado, 12 de dezembro de 2009

Bilhete da tolerância I


Eu ouvi tudo em silêncio,
eu vivi em silêncio,
fui esfaqueado por palavras,
e exorcizado por atitudes
engoli cada frase que vinha-me a mente
e nunca era pronunciada,
pisei em cacos de afrontas,
e no silêncio estava minha alma
mergulhada na comiseração humana
presa no hospício da caridade,
e solta no ódio sem causa.

Celso Andrade

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009


Acordei meio pressagiado hoje,
como se alguém tivesse passado tinta cinza
no meu coração, o pior é que a tinta estava fresca
era algo que estava vivendo sem saber ao certo a verdade
eu sabia que existia da minha parte algo profundamente
verdadeiro e puro, mais a outra parte... sujeira
saiu e deixou meu coração pinchado: Tristeza.

Celso Andrade

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A Claricear



O que importa as palavras que disse Clarice
no seu mais recôndito ser afetuoso e verdadeiro,
se eu já não existo dentro de mim, porém em seus livros?
Viverei apenas á margem do meu ser menos recôndito:
o corpo, e sentirei o que disse Lispector no seu
intimo confuso de tanta certeza armazenada
em um corpo de cabelos loiros, olhos puxados, e
voz sonambular acinzentada num corpo frágil,
de todas vidas que não deu tempo de viver e descrever.

Celso Andrade

sábado, 5 de dezembro de 2009


Eu continuo aqui,
nessa esquina de mim
sem ti, pois não tem fim
onde dobra essa rua
chamada alma,
nessa casa que agora é sua
e já não tem mais calma.

Celso Andrade.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A outra face


Por vezes a vontade de partir é muito forte, mas ir embora já não é possível, e ficar será doloroso e insalubre, que faço? Mude! tente a mudança, passe por cima dos seus (pre)conceitos, e ideias que defendeu a vida toda, assim viverás uma vida melhor e mais "saudável", ao menos alguma coisa será diferente, quando tentar é o que lhe resta, viva a vida do outro jeito, do outro lado do outro modo, pois existe infinitos caminhos, busque o que melhor lhe cabe.
Acredite, existe o outro lado, ou céu ou inferno, mais existe, só saberás se buscar, quando ficar na mesma situação em que humilhar-se, já não pode.

Celso Andrade

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Invasão


As vezes a alegria chega de mansinho, vem pelos cantos, pelas beiradas, pela fresta da porta, invade e não pede licença, transforma, muda um ser inteiro e os que estão à sua volta, é preciso ter espaço e coragem para deixá-la fazer morada.

Celso Andrade

I Conto do Poço - À eira do desencontro


Sentado na varando eu a esperava, mais ela demorava e resolvi descer a rua e sentar no batente da esquina que cruza a rua das tristezas-onde já se viu por nome de rua assim, devia ser por isso que existia tantas solteironas na minha avenida, casais separados e alguns ainda assim felizes, apesar de ter perdido tudo, mais Deus existia dentro de cada pessoa, ele era talvez a esperança, o que fazia com que nós da Rua tristeza, pudessimos esperar alguma coisa boa e alegre, vinda não sabemos de onde, o horário ia distanciando da que tinha-mos marcado, pensei no trem que pudesse ter atrasado, não, ela vinha de ônibus e pudesse ter quebrado, havido um assalto, ou algo parecido, mais continuava esperançado, esperando, porque tinha-mos marcado não só "um mero encontro", era o encontro de duas almas sedentas, esperando talvez sem expectativas o que nunca houvesse encontrado em toda a vida, aproximava-se das dezoito horas e o sol ia pondo-se, as trevas ia tomando conta da rua tristeza, e de mim também, do meu coração que começava a enegrecer-se com espera dela, da nossa matança afetiva, derrepente apareceu dois meninos que brincavam desde a hora que desci e sentei naquela esquina na casa de Dona Marizete- mulher das cartas, cigana desde criança, se ela soubesse que estava ali a esperando alguém que demorava e não dava sinal de vida, alguém que apareceu na minha vida por intenção do destino, uma possibilidade de amor, chamaria-me e leria meu destino, saberia meu futuro, mas havia algo que ainda existia bem pequeno em meu ser, algo chamado pequenas-esperanças, me segurava naquele batente, com minha bunda dormente da espera que não sabia desde que hora, que dia e momento ou se era sonho a minha espera ou talvez a nossa espera mais ela parecia desistido, quando os meninos riram da minha cara e perguntou-Tio ta esperando quem? ou outro menino mais baixo e barrigudo disse: ele deve ter tomado bolo da mulher que o abandonara, riam de mim, e saíram fazendo algazarra da minha cara, cara não! Do meu encontro fracassado por causa dela, que não vinha e fazia-me pensar como seria minha vida depois daqueles dias de tanta espera de tanta aflição nesse meu coração que palpitava quando passava alguma mulher alta , morena, de cabelos curtos que pudesse ser ela, não era, e eu continuava ali , parado sem saber que rumo levar, depois de ter pensado em tantas coisas e encontros antes nunca fracassados como esse, passavam alguns vizinhos e eu abaixava minha cabeça e escondia-me, de todos, estava irreconhecível de barba grande, roupa suja e o cheiro do corpo dela que havia deixado do nosso último encontro, -era a última coisa que havia-me sobrado de lembrança dela-, não sei de onde veio-me uma força que me levou para dentro de casa, talvez fosse o Deus da esperança que ajudava os moradores da rua tristeza, havia perdido a fome a vontade de ir a baladas, festas e cinemas, a única coisa que havia me sobrado foram os livros, esses que contavam histórias como a da minha espera fracassada, talvez nem tão fracassada assim, depois daqueles dias dentro daquele poço, e agora voltando a rotina, parei de sentir aquelas coisas sem nome que machucam devagar e nos vai arrancando força por força, lágrima por lágrima, foram-se tudo com ela, tomei banho, li alguma coisa tipo Clarice Lispector, vesti-me e fui ao barzinho testar meu poder de paquera-nem estava tão enferrujado assim- levei uma moça do interior que estava trabalhando numa casa ao lado, para a minha e a neginha mostrou o fogo que tem as pacatas e tentei esquecer aqueles dias intermináveis dentro daquela espera que perdurou até a última palavra da cigana que abriu-me a porta e disse: é hora de aproveitar a vida.

Celso Andrade

domingo, 22 de novembro de 2009

Poesia molhada


E eu ia indo por dentro da chuva, não importava-me as roupas, o resfriado depois, eu queria sentir cada gota entrando-me os poros, e cada uma delas ia misturando-se às minhas lágrimas que caiam sobre o meu pranto contido desde quando comecei a andar, porque aquela chuva significava todos os choros que nunca conseguiria chorar em vida.

Celso Andrade.

sábado, 21 de novembro de 2009

I motivo do dia


Manhãs para viver,
noites a sonhar,
madrugadas escrever
vida a poetar.

Silêncios escutar
ventos gemer
gatos caçar
pássaros a correr
crianças a brincar.

Manhãs tranquilas
sol abrasador
meu dia descansar
mar brisador

Musicas ouvir
dedos a tocar
corpo a sentir
alma descansar

Silêncios ouvir
palavras calar
saudade sentir
da boca beijar

Celso Andrade

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Enxerga-me

Ah! se soubesses a dor que carrego dentro de mim...,
viria como anjo a socorrer-me.
Se soubesses o bem que te quero,
nunca desgrudarias de mim.
Se soubesses o quanto pena, minh'alma por paz,
pediria sossego ao vento e ao mar.
Se soubesses o quanto a amo abandonaria-me na
primeira esquina que encontrasse.
Se reparasses mais nos meus afetos, viveriamos
melhor.

Celso Andrade

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Poema por desleixo


Ninguém entende-me
ninguém me ler,
nem almenos sabe o quero falar.
Nem se aproxima dos meus escritos
pois pode querer-me amar,
ainda por cima tem me como inimigo.
Ninguém me ouve, ninguém me vê
nem sabe o posso querer, também...
nem quero saber, sou um poeta
do desleixo, pois escrevo sobre
o descaso dos meus leitores,
mal amados, que vive em horrores.

Celso Andrade



Adeus ao apego


Às vezes vontade de partir é tão forte que imagino como será o depois de pulado a ponte, de ter esquecido tudo, como ficarão as coisas depois do adeus, da partida inesperada, penso seriamente em arrumar um canto só meu, onde acorde e ouça apenas o som dos pássaros, solos longos de violoncelo tocando Dvorak, sentado ao chão sem amor, sem esperanças e sem apego também, onde possa chorar todos os choros que não tive força pra derramar, esse pranto que guardo dentro do peito e palpita feito ferida aberta esperando solução, cura, rolaria pelo chão limpado cada pedaço que levo grudado de paixões fracassadas, de sonhos não realizados, entraria no mar e lavaria cada sujeira deixada pelos "sem alma", porque toda alma sonha com um corpo sossegado de perdas, frustrações, e falta de afeto, depois disse tudo deixaria de seria eu mesmo, sem bagagem, viajaria mundo afora sem amarras, e sem apego.

Celso Andrade

Há um silêncio apavorante e abrasador que nos separam,
desses que separam vidas, e mata qualquer alma faminta de
felicidade, e submerge sonhos e esperanças mesmo na sinceridade.
Tenho medo de cair num poço sem fundo, e que essa não seja mais uma relação fracassada de duas almas sem rumo.

Celso Andrade

Que eu não perca a capacidade de amar
e ver as coisas melhor no futuro,
que o presente que vivemos juntos
não tire a esperança que me faz ver melhor
as coisas e as pessoas , nem faça-me perder
tempo, sem compartilhamento de afetos.

Celso Andrade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009


Sou a parte de mim mesmo que vive e sonha,
que me completa mesmo estando vazio de sentimentos,
e apavora-me quando não tenho respostas a paixões,
nem camufla-me as dores em certos momentos.
Pois estou certo que a parte de mim, que apavora-me
por vezes deixando-me desesperado,
também sonha com um sossego, porque toda alma
sonha com um corpo sossegado.

Celso Andrade.

Coração prostituto


Depois que separei-me meu coração ficou em estilhaços,
deixava rastros em todos os lugares que ia
estava em todas as casas que visitei,
todos os cantos da cidade,lá estava mais uma parte de mim,
porém não ficava, era apenas um fragmento de um todo amoroso,
que não chegava a ser amor, foi dura a separação,
dias tentando recompor seu corpo, em meio a tantos corpos diferentes,
que nem ao longe pareciam o seu,
algumas vezes culpado por não poder ficar,
outras apenas frustração de ter usado meu corpo
como meio de encontrar algo que pudesse substituir
a única pessoa com quem compartilhei toda minha intimidade.
sim foi o único,puramente amado como ninguém,
essa luxúria que fui envolvido não passava de uma vertigem,
conduzida pelo meu corpo, para dar prazer a tantos
quanto solicitasse a minha presença, por mais que tivesse envolvido
em um jogo amoroso, havia algo que não era deletério, seu beijo
gosto molhado que guardei bem ao fundo da minha garganta.
Fiquei só, abandonado nas trevas da separação,a minha volta
apenas perigo de cair como peixe em alguma rede sem proteção
diferente da que estava vivendo com ela, esperei, hoje vivo
na ilusão de encontros e esquecimentos, diferente do amor
que estava acostumado a viver.


Celso Andrade.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poema por explosão


Hoje acordei e disse pra mim mesmo
que não escreveria mais,
foi duro, tinha um poema meio diferente
desses que conto meus dilemas,
engasgado na caneta, me conti,
os dedos pareciam duros
fui posto no muro das letras
e lá estava ele inteiro , pronto,
para ser posto o ponto final,
segurei-me pra não correr,
nem me perder dos significados,
o dicionário sumiu, fiquei encabulado
era um poema de rima pobre, meio
dessas pessoas sem namorado
que nem tem muito a dizer
mais bem sabe escrever,
nem corta coração,
mais tinha no final um verso
de rima rica, mesmo sabendo
que alguém sempre fica submerso
sem entender o que queria o poeta
com esse poema quase atolado na lama
sem algum dilema e dor,
como alguém que ama
e não sabe que é o amor.

Celso Andrade.

domingo, 8 de novembro de 2009

Discurso amoroso quando viver torna-se um favor


Talvez se tenha um preço por viver bons momentos ao lado de alguém, gostar e ser correspondido pela pessoa amada que está ao nosso lado independente do que temos a oferecer "pagaremos pelo que nos é oferecido", furaremo-nos no espinho da cheirosa rosa que colhemos.Mais cedo ou mais tarde seremos pegos de surpresa e não teremos pra onde correr, seremos cobrado pelo que usufruirmos, na vida há uma espécie de favor, como dizem os mais velhos " com o que se dá se recebe" , pensaremos que seremos abraçados quando precisarmos e seremos segregados, pensaremos ser afastado e seremos aceito, a surpresa, o momento de glória ou frustração raramente é acertado ou pensado, somos seres limitados em afetos, ou se deixarmos-nos ser tirado o direito de sonhar, cairemos sempre como "ratos na mesma ratoeira",buscar felicidade em alguém é altamente perigoso, não podemos perder o direito de negociar, se nos entregarmos sem algum acordo verbalizado multo entre todas as partes envolvidas antes que seja tarde demais para se arrepender de ter escolhido a pessoa amada a viver-se ao lado.

Celso Andrade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Coração sem melodia


O teu violão desafinado
ainda provoca-me arrepios,
e sempre confinada
vive minh'alma afogada
e afobada em teu som
desgrenhado, onde
encontro-me vivo
desabado em suas cordas
tortas querendo amar a
tua canção também desafinada,
ah seu tivesse o poder de
iludir, compraria um piano
também desafinado,
para acompanhar-te
nessa melodia sem dono
e sem casa, não tenho
dinheiro para o piano
e resolvi soltar minha voz,
porém afinada apenas no dó,
de você e dessa gente que
ouve bem essa canção, que me
extremesse, e me eleva,
resolvi partir, assim livro-me
de ti e da música que faz palpitar
tantos corações dissolvidos em acordes
e arpejos consonantes desse seu violão
de uma corda sol.

Celso Andrade.


Texto embaçado para um aprendiz


Às vezes pergunto-me porque temos a tendência a continuar amando depois de tantos, socos afetivos, desprezos, e paixõeszinhas não correspondidas?
Talvez seja um pacto entre a esperança e a vida, não morremos mais continuamos amando, continuamos esperando o que só Deus sabe, talvez essa paz que precisamos pensamos em encontrar em alguém, o sossego que não temos no cotidiano, é buscada no próximo, ou somos realmente incompletos a ponto de ir buscar num corpo coisas da alma que nem enxergamos, mas sentimos.
Alguns acabam perdendo a simplicidade em busca de modelos sensatos e sem graça, vindos de fora, que nem gostam mais está na moda, na TV, é comentado na roda de amigos, na faculdade, somos levado por uma criatura sem rosto, chamada consumismo, falsa felicidade, exposta na face de alguns que nem se quer teve o trabalho de pensar o porque, temos que casar, ter filhos, ter a mulher e o homem mais lindo(a), ter a chamada sexualidade adequada e sermos maquinas sexuais, ou o corpo do modelo da revista, pra chamar atenção dos outros, frequentar o restaurante mais caro, será mesmo pra isso que vivemos, será que é por isso nos sentimos incompletos, nos sentimos mal amados, se nem temos tempo pra pensar em afetividade, na pessoa que está ao nosso lado, na nossa família, a mãe carente e chegando a idade, o pai solitário e resmungão com seu "muro amoroso" com os filhos, o mendigo na esquina de casa que passamos e nem damos valor, será que estamos passando pela vida enegrecidos de sentimentos e caráter, e nem damos conta disso? Servimos apenas para festejar, praticar sexo, e "curtir", como chamam os jovens sem responsabilidade, sem saber que não "somos uma ilha" e que um dia precisaremos da maturidade e não teremos aprendido a amar o próximo, ou carregamos o que éramos criança e nos diziam que crianças não pensa e só serve para se divertir?

Celso Andrade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Passando pela vida

Onde eu ando?
Por aí, aos olhares,
nos olhares e pelos olhares...
de mim mesmo, ou
talvez de Deus,
quem sabe apenas vivendo
o silêncio que apavora
as relações humanas,
que aflige casas sem afetos,
ou simplesmente
vagando por ruas desertas.

O que faço?
Vivendo, em meio a turbilhões...
entre quatro paredes inexistentes,
onde o homem que conquistou algo na vida
é igual ao que nada tem...
ou apenas observando, para não errar
nem cair em ciladas de gentes sem alma,
nem se esbarrar na primeira pedra,
que quebra na esquina onde sento-me
toda noite.

Onde vou?
Pergunte a Deus...
ele sabe de tudo, ou talvez
nem diga-te.

Com quem ando?
Ando com Deus, abraçado a viva.

O quero?
Viver!
Não desdenhosamente a margem,
mais com o que tudo isso implica.


Celso Andrade

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O palhaço das palavras


Se escrever fosse coisa séria,
eu estaria amando.
Se escrever fosse coisa séria,
não falariam tento em sentimento.
Se amar fosse coisa séria,
não existiriam tantos poetas,
tristes, alegre e palhaços fazendo caretas.
Se eu fosse uma pessoa séria,
nunca falaria mal do amor
nem do afeto, por isso escrevo
para redimir-me do mal
que falo em meus poemas
esses meus dilemas.
Se poetas fossem...
bem amados, bem entendidos,
não teriam ficado escondidos
entrelinhas.
Poeta é o palhaço das palavras,
o papel é o picadeiro e a caneta
é o sorriso do palhaço que disfarça
toda falta, e toda tristeza escondida
em baixo da maquiagem consoladora.


Celso Andrade.

Pegando fogo...

De uns tempos pra cá
meu íntimo vive fervendo,
é uma febre que borbulha
a mais de cem graus,
tenho pedido socorro para todos os lados
ainda não fui escutado,
tenho medo de morrer queimado
por essa febre que me consome
e me envolve por essa quentura
que vem subindo pelo dedo do pé
até arrepiar-me os cabelos,
pensavas que teria uma parada cardíaca,
pois quando o fogo que me quer consumir
me invade, e até o coração dispara.
Ando com borboletas no estômago também,
a diferença é que sinto que algo novo vem vindo
ou talvez alguma mudança afetiva,
são sempre pertubardor e nostálgico
esses sentimentos...
porém gosto de sentir e parecer
adolescente apaixonado.
De uns tempos pra cá...
ando descobrindo que posso amar outra vez.

Celso Andrade.




terça-feira, 20 de outubro de 2009




Fix You(Coldplay)

When you try your best, but you don't succeed,
When you get what you want, but not what you need,
When you feel so tired, but you can't sleep
Stuck in reverse
And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you
And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try, you'll never know
Just what you're worth.
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you.
Tears stream down your face,
When you lose something you cannot replace
Tears stream down your face
And I...
Tears stream down your face
I promise you I will learn from my mistakes
Tears stream down your face
And I...
Lights will guide to home
And I will try to fix you


Como dizia a minha avó as vezes nós esperamos para ver e acabamos "vendo demais", porque existe algo em nós chamado " esperança", desde a infância somos acompanhado por essa criatura sem face , e que está estampada na face de todos que nascerem, com fome, em berço de ouro, numa favela do rio, ou apartamento em Nova York, ele faz com que nossos corações palpite até na mais remota das situações de perigo ou angustia.

Celso Andrade

domingo, 18 de outubro de 2009


Quanto mais conheço pessoas,
mais tenho medo do meu intimo,
é o único afetado!

Celso Andrade.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009



Sinto as vezes que dentro de mim
habita um cão faminto, voraz e sedento
vive latindo pra onde pergunto-me sempre
sem repostas o tenho levado assim
sem identificação no mais profundo de mim vive,
não tem rumo, nem direção,
às vezes ele parece querer sair,
outras fica tão quieto que acabo sentindo falta
do ardor que deixa em mim.

Celso Andrade.

domingo, 11 de outubro de 2009

Você e você mesmo


Não importa a idade que tens, hoje na lucidez dos meus vinte anos posso dizer convicto: estará sempre só, você e você mesmo!, não importa tua idade, crença, fama, poder aquisitivo, nasceu só e morrerás só, os teus amigos o deixarão quando não tiveres mais a oferecer o que usam de ti, talvez você nem saiba disso, ou talvez morra sem saber, amigos, pessoas e conhecidos vão e vem, uns permanecerão ao nosso lado(que são pouquíssimos)outros terão que partir porque a vida acabou para eles, ás vezes pergunto porque emudecem para nós, porque não nos quer mais como companheiro, em meio a pesadelos acordamos atônitos e deparamos com nosso eu mais profundo, estarás só nessa hora, ainda que tenhas outra cama a deitar e alguém para abraçar-lhe, o sonho é teu? o pesadelo também foi teu?nasceu só e morrerás contigo mesmo, no mais intimo ou mais frívolo dos seres humanos, terás que viver de qualquer jeito -se quiseres-, essa pode ser uma escolha terrível para uns, nem tanto para outros(porque nascem de olhos fechados e morrem de olhos fechados para Deus, para o próximo, para o afeto!),se perdeu alguém não por escolha própria não lamente, virá outra melhor ou pior no lugar, porém se tens alguém que compartilhar e tenta dividir seus momentos de felicidades, conserve-a!Essa poderá ser uma das pouquíssimas pessoas que te acompanharás até o final.

Não corra dos momentos tristes em que se encontrar, viva-os! certamente precisarás futuramente, o passado é o espelho do futuro, enxergará se quiser, assim a vida não será só surpresa , dor ou frustração(com as pessoas ou situações)e sim uma válvula de escape qual precisarás sempre.



Celso Andrade

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Espaço solitário

Sinto-me vazio
como uma árvore desfolhada,
como um poço sem lama.
Cheiro de jasmim solto no ar,
embebecendo-me de uma água
que jogam me sempre...
quando lembram que existo.
Preso a terra vivo, grudado em algo
que não enxergo,
desse ego cresci,
e dele cego morrerei.

Celso Andrade.

Vago entre letras

Perco-me em meio as palavras
Confundo-me entre versos
Meu olhar é mais profundo,
que um poema solto no mundo.
Minha face é mais leve,
que um estrofe solta no ar.
Meus pés preso ao chão
Faz-me nunca dizer não
a tal de tranquilidade,
e prefere sempre
a voracidade escondida
na inspiração,
dar lugar a tal de felicidade.

Celso Andrade.

domingo, 4 de outubro de 2009



Fomos possuído por uma espécie de "felicidade inesperada", é isso... talvez essas sejam as palavras que preciso para explicar a matança daquela sede afetiva, que crescia ainda mais enquanto avançavam os segundos, cada hora vividas juntos, uma espécie de força cósmica vinda não sei de onde, talvez de uma galáxia chamada alma humana, nos envia naquele momento só nosso, beijos insaciáveis por bocas famintas de paixão humana, carnal, intimamente marcados por um encontro casual, que estará guardado em nossas memórias mais profundas, pois naquele momento, estavas no que chamamos de profundo conhecimento da intimidade um do outro, como tudo tem seu tempo, o nosso também foi encerrado, e aquela magia cósmica ficou em nossas memória mais sacana, luxuriamente terminamos aquele momento com um thau bem sedutor, como um convite para um próximo envolvimento corpóreo, puramente um "assassino moralista".


Celso Andrade.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Esvaziamento afetivo

De que serviram aqueles beijos?
Devolve um por um,
Desfaz todos os ensaios
feitos da sua língua na minha boca
agora cospe toda minha saliva
nesses dias que ficamos juntos,
agora pega suas coisas
e seus mesquinhos sentimentos
e some, de vez!
não olha pra trás.
não fica, não marca,
a única coisa que sobrou...
foi esse espaço vazio que nos separam,
essas vidas díspares.

Celso Andrade.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pequeno poço


Sinto apenas uma vontade de aquietar-me o espírito, de encostar-se ao canto e não pensar em nada, se almenos conseguisse..., sinto meu corpo fora do chão, o coração aflito palpitando, feito criança esperando o castigo que não vem, nunca virá , descobri que a vida não é apagável, que a morte de uma esperança faz nascer uma mais violenta, mais voraz, mais madura, e acabamos ficando presos a espera do que virá, ainda na escuridão do poço de mim mesmo eu consiga dizer algo bom e belo, e que meus ouvidos nunca sejam tapados para a música que ainda longe, eu consiga ouvir seus ínfimos versos, versos que permita-me amar mais, ver melhor as coisas e as pessoas.

Celso Andrade.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009



Diante da possibilidade da exposição, do mal que nos querem fazer,eu viajo ao mais eu profundo e misterioso, cheio de cargas pesadas, escuras de tanta fobia escondida nisso que chamamos carga emocional, desse meu eu também escondido para não mostrar fragilidade nem covardia diante de coisas, talvez que imaginamos saber, sem ao menos ter certeza somos postos a enfrentar algo que talvez esteja em nós mesmos, sem que ninguém saiba do que se trata, lutamos contra tudo e todos dentro de nós, dos medos aparentemente fúteis, das eventuais falta de esperança, do medo da solidão, de fraquejar perante o que chamamos inimigos da alma, como tudo na vida passa, e essas provas que nos são impostas ficamos atônitos e aflitos, somos invadidos por um sentimento terrível chamado solidão, ela tem me acompanhado durante um certo tempo, limitando e podando tudo dentro e fora disso que chamamos ser humano passível de todas as experiências boas e ruins, o bom disso tudo é que todas as coisas estão debaixo do tempo, até os sentimentos mais depravantes são limitados por ele, que cura, acalma e conforta nossos temores diante da vida.

Celso Andrade.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Dançar a vida

A vida não presta
e o que me resta
dessa tola festa
acontece nesse morro
onde sempre corro
pra não morrer
nem me perder
dessa gente
quente
que dança e canta
pra não morrer
se sede, de amor de ardor
de sentir o tambor que toca
em mim, em ti,
em nós até o fim
dessa festa que não acaba
nunca nem aqui.


Celso Andrade.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Coração de criança



A inocência que nas crianças habita
invada casas derrube muros,
e em escombros quebrante corações
assassine a fome e encha panelas
e tire esses olhos das janelas
que insiste em nos vigiar.

A paz que nas crianças habita
faça-nos sóbrios
nesse mundo de cão
que em uns suscita ira,
em outros sofreguidão.



Celso Andrade.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Amor vagabundo


Coração amante
sem planos de ficar
passeia entre corpos
medroso em dizer
sozinho a amar:
troca-se por trocados,
trocados recebe e dá
sozinho na vida
quem em ti cair
maldito será.
Do dia só lhe resta
umas horas:
bem dormidas
bem amadas
que talvez durante o dia
jamais será encontrada.
seu amor é de todos
e nunca de algum e diz:
nem todo amor é pra casar
nem todo bom sexo é de namoro
nem todo beijo é pra romancear.
nem todo amante é de ouro.


Celso Andrade.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Edificações afetivas



Que queres de minha casa de tijolos?
cimento ciumento de tanta espera:
endurecido.
Que queres de minhas retas paredes
prumo?
és infiel de tanto ajeitares casas alheias:
torto.
Desiluda-se trator,
nunca carregarás meus escombros:
o muro com que fui levantado
nunca descansarás em teu ombro.
Vai a outro terreno engenheiro
que a casa que não construístes
não está a ermo,
ainda resiste a queda:
pois amor possuístes.

Celso Andrade.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Encontrei-me por um instante


Deparei-me diante de mim mesmo, no momento em que as coisas pareciam fluir como aparentemente devem ser, caiu minha máscara diante do espelho que chamamos vida, fiquei diante de mim mesmo, só, eu o que vive através dos sentidos e eu o que vive diante dos afetos.Nunca imaginaria que esse momento pudesse chegar , não que eu quisesse , a máscara nos é colocada talvez por precaução, dos falsos sentimentos, das eventuais frustrações,mas naquele momento tive que suportar todas as minhas convenções, todos os desejos, vontades e anseios, que sem saber estão em meus sentidos, me senti sujo, imundo, no lugar e momento errado, mais uma vez o arrependimento invadira minha alma, inundou minhas veias, eu que achava que tudo estava a meu favor, senti como se uma corda estivesse partida em baixo dos meus pés, solto no ar, minha face pareceu mais assustada que nunca, no lugar do meu coração parecia ter um buraco, um vazio aparentemente visível, era olhado por todos e por nenhum, tive a sensação de não querer estar vivo, diante de tudo que eu defendia, fui surpreendido por diversas escolhas, que já não mais poderiam ser feitas, lá estava eu sôfrego, quase no fundo do poço de mim mesmo, naquele lugar de almas esguias de fome por pessoas sedentas de aparência, vesti-me e fui embora, disse para eu-afetivo que nunca mais poria meus sentimentos em risco, que controlaria minhas vontades , saí correndo parecendo que corria para o fim, para o nada, sabia que depois daquele encontro comigo mesmo, as coisas teriam outro sabor, outras cores, outra intensidade, joguei a máscara fora e fui para casa chorar um pouco, ao menos para aliviar o impacto que eu mesmo entrei, como um ator que entra no palco sem saber o roteiro e o que lhe resta é a sorte.


Celso Andrade.