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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Dançar a vida

A vida não presta
e o que me resta
dessa tola festa
acontece nesse morro
onde sempre corro
pra não morrer
nem me perder
dessa gente
quente
que dança e canta
pra não morrer
se sede, de amor de ardor
de sentir o tambor que toca
em mim, em ti,
em nós até o fim
dessa festa que não acaba
nunca nem aqui.


Celso Andrade.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Coração de criança



A inocência que nas crianças habita
invada casas derrube muros,
e em escombros quebrante corações
assassine a fome e encha panelas
e tire esses olhos das janelas
que insiste em nos vigiar.

A paz que nas crianças habita
faça-nos sóbrios
nesse mundo de cão
que em uns suscita ira,
em outros sofreguidão.



Celso Andrade.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Amor vagabundo


Coração amante
sem planos de ficar
passeia entre corpos
medroso em dizer
sozinho a amar:
troca-se por trocados,
trocados recebe e dá
sozinho na vida
quem em ti cair
maldito será.
Do dia só lhe resta
umas horas:
bem dormidas
bem amadas
que talvez durante o dia
jamais será encontrada.
seu amor é de todos
e nunca de algum e diz:
nem todo amor é pra casar
nem todo bom sexo é de namoro
nem todo beijo é pra romancear.
nem todo amante é de ouro.


Celso Andrade.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Edificações afetivas



Que queres de minha casa de tijolos?
cimento ciumento de tanta espera:
endurecido.
Que queres de minhas retas paredes
prumo?
és infiel de tanto ajeitares casas alheias:
torto.
Desiluda-se trator,
nunca carregarás meus escombros:
o muro com que fui levantado
nunca descansarás em teu ombro.
Vai a outro terreno engenheiro
que a casa que não construístes
não está a ermo,
ainda resiste a queda:
pois amor possuístes.

Celso Andrade.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Encontrei-me por um instante


Deparei-me diante de mim mesmo, no momento em que as coisas pareciam fluir como aparentemente devem ser, caiu minha máscara diante do espelho que chamamos vida, fiquei diante de mim mesmo, só, eu o que vive através dos sentidos e eu o que vive diante dos afetos.Nunca imaginaria que esse momento pudesse chegar , não que eu quisesse , a máscara nos é colocada talvez por precaução, dos falsos sentimentos, das eventuais frustrações,mas naquele momento tive que suportar todas as minhas convenções, todos os desejos, vontades e anseios, que sem saber estão em meus sentidos, me senti sujo, imundo, no lugar e momento errado, mais uma vez o arrependimento invadira minha alma, inundou minhas veias, eu que achava que tudo estava a meu favor, senti como se uma corda estivesse partida em baixo dos meus pés, solto no ar, minha face pareceu mais assustada que nunca, no lugar do meu coração parecia ter um buraco, um vazio aparentemente visível, era olhado por todos e por nenhum, tive a sensação de não querer estar vivo, diante de tudo que eu defendia, fui surpreendido por diversas escolhas, que já não mais poderiam ser feitas, lá estava eu sôfrego, quase no fundo do poço de mim mesmo, naquele lugar de almas esguias de fome por pessoas sedentas de aparência, vesti-me e fui embora, disse para eu-afetivo que nunca mais poria meus sentimentos em risco, que controlaria minhas vontades , saí correndo parecendo que corria para o fim, para o nada, sabia que depois daquele encontro comigo mesmo, as coisas teriam outro sabor, outras cores, outra intensidade, joguei a máscara fora e fui para casa chorar um pouco, ao menos para aliviar o impacto que eu mesmo entrei, como um ator que entra no palco sem saber o roteiro e o que lhe resta é a sorte.


Celso Andrade.

Parodiando Osvaldo Montenegro



Que a minha luxúria seja perdoada...
Porque metade de mim é
Paixão,
e a outra metade
Desejo.


Celso Andrade.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

texto frio para uma despedida...


Desculpa, mais minha última lembrança que tenho de você foi o nosso último encontro naquela cafeteria, a tua mente confusa falando sem parar ao meu silêncio totalmente perceptível, pelos garçons que nos olhavam mudos, por aquelas senhoras bem vestidas da mesa ao lado, foi nosso último contato depois daqueles dias de pura luxúria, nossos corações de pedra jamais se abririam aquela sede carnal camuflada por nossas faces de meninos buscando talvez aventuras sexuais, amorosas, sei que buscarás outros corpos como o meu, em meio a tantas almas sujas diferente da minha que é altamente misteriosa, nunca se mostrar, descobrimos o caminho, sem nenhuma palavra pronunciada tive a complacência de levantar-me a tantos pedidos extravagantes de uma pessoa vazia como você, hoje na maturidade que te encontra posso falar-te o quanto a sua ingenuidade nos afastou, não nego que seria incapaz de amar-te como naqueles dias de tanta sede e expectativa entre nós. O que em semanas foi teu e meu, foi quebrado no instante que depois de o gerente negar a conta, você entrou por aquela rua,(a mesma do dia em que nos conhecemos) de cabeça baixa já sem palavras a ser pronunciada, sentei na calçada ainda com gosto de capuccino na boca e lembrei o quão foram envolventes os nossos momentos de alegria transformados em goles, e silêncios...



Celso Andrade.




Onde estiver anseio morrer bebendo dessa salgada água
E o vento que te faz “onda” leve-me para perto de ti
Porque o meu doce rio de águas escuras
Almeja ser desaguado pelo seu mar de felicidade.

Que o teu mar de felicidade escorra por minhas veias
E inunde-me os olhos
Encha-me a boca de saliva por beijos salgados
E me afogue em teu corpo suado de menina-mulher.


Celso Andrade.


quarta-feira, 19 de agosto de 2009


Profundo como poço que estás jogado
é o meu olhar,
sem palavras que possam atrapalhar-me,
atravesso-te fixo em meus negros olhos,
com toda incompreensão que você é capaz
faço-te ir ao mais obscuro
das minhas pupilas,
dilatadas para enxergar
o teu vazio e mudo olhar
de solidão.. e esperança...
camuflada,
em teus claros olhos
sedentos, sem lágrimas,
tão seco quanto o deserto
onde caminhavas antes de nos conhecer,
e que a mão que te tapas a visão
seja lançada fora,
porque a impede que você veja
meus claros afetos.

Celso Andrade.

terça-feira, 18 de agosto de 2009





As portas estavam abertas,
abertas as deixei durante anos,
todos os dias eu espiava
para ver se ele estava voltando
não havia sinal algum,
depois de certo tempo resolvi fechá-las,
todos os dias
ao acordar sozinho
sem sinal dele
encostava um centímetro
daquelas imensas portas
talvez nem tão envelhecidas,
até que um dia foram cerradas.

Depois daquele dia, ouvi batidas,
vozes desesperadas
pessoas aflitas, sedentas...
não podia voltar atrás
uma vez cerrada a parta,
o passado é apagado da memória
“o amor não chegou no tempo "
trancada as portas da afetividade
trancado também o coração
mesmo se tentasse abrir não conseguiria,
hoje vivo de pular janelas...
fraco estava para me levantar
seria incapaz de gostar de alguém
tudo fechado,
sem esperança,
oxigênio, e força,
morreu o que um dia chamei
“ amor".



Celso Andrade.

domingo, 16 de agosto de 2009

"Pedaços" disso que chamamos eu...



Nunca soube que parte de mim ficou no caminho,
por vezes o medo
me impedia de viajar ao passado
como uma porta sem chave,

Volto a minha infância e suspeito:
meus amigos colecionavam namoradas
eu colecionava poesia,
fui a minha adolescência...
também suspeitei,
meus amigos praticavam sexo,
eu fazia amor,

Por vezes até achei que tinha perdido
a mente para os amores que não em fora cedidos,
senti também que tinha perdido as mãos
para aqueles beijos que me eram dados sem amor,

Sem falar das minhas pernas
quase nunca as sentiam..,
iam sempre para lugares onde a afetividade não tinha vez,


Ah os meus olhos...
talvez sempre foram os únicos que confortavam,
sempre haviam lágrimas para me consolar,

Chego aos meus quinze anos,
e uma semana depois
descubro que perdi metade do meu coração
com a morte do meu pai,
e como ainda não conhecia a paixão
por que parte de mim era dele e a outra da minha mãe.

Volto mais uma vez aos dramas infantis
e descubro que perdi também o medo,
para os preconceitos que sofri,
porque parte de mim é coragem...
e outra também...


Celso Andrade.



sábado, 15 de agosto de 2009

"Silêncios" apaixonados


Que o teu silêncio
me faça chover
palavras de amor,
e que o teu grito
possa calar
toda incompreensão,
e no teu colo
eu consiga ouvir
as batidas do teu coração.
que a sua voz em mim
soe como um hino,
hino sem som...
porque quero viver
ao teu lado
sem que nos atrapalhem
as palavras
que damos nome
aos sentimentos
confusos,
porque metade de mim
é o que ouço e a outra metade é o que falas.


Celso Andrade.

Três "Nós", e um encontro.



Que o meu eu interior
menino,
se doe
como o meu eu
homem de fora,
e que os dois possam
se igualar
por ti,
e que o eu homem
goste de ti,
como o eu menino
o tem amado.


Que as nossas bocas
se grudem como
meus dedos,
e inseparáveis
naufraguemos
entre salivas
desse colar de lábios.


Que a distância
seja encurtada,
pelas nossas
lembranças
do que fomos,

E que a tua parte interior
também me seja doada,
porque metade de você sou eu
e a outra metade é minha.


E que a nossa canção
nunca se cale,
nem se perca...
porque metade de mim é melodia
e a outra metade(você),
são notas.



Celso Andrade.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009


Sentado na varanda
lembrei
de quão foi bonito,
ter você
tão perto
tão minha,
por um momento me assustei
ao cantar de rouxinóis,
pensei
ter aprisionado
o tempo
quando estávamos
sóis,
errei,
unido ao meu pensamento,
sentado continuei...
ventou
foi embora
tua lembrança
sobrou o cheiro
trazido pelo vento
mergulhei fundo
em teu perfume,
voltaram
as boas lembranças
queria ficar mas,
choveu...
os pássaros pararam
o teu cheiro sumiu
minhas nostalgias se forem
todo molhado
levantei e fui trocar de roupa.


Celso Andrade.


quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Que minha loucura por ti
escorra também em tuas veias por mim,
para florescer o teu vazio campo,
seco,
sem sombra de água
ou folhagem
nessa primavera
de almas sujas
sedentas,
vazias,
esguias de tanta sede,
sede camuflada,
encobertas de sujeira
sufocando o teu querer também camuflado
e que algum dia você consiga dizer eu te amo
não de boca pra fora,
porque a tua parte limpa da alma
me quer entregar.



Celso Andrade.


terça-feira, 11 de agosto de 2009



O meu corpo precisa do teu abraço,
e minha boca do teu beijo,
meu corpo precisa do teu calor e
do teu cheiro,
acordar manhãs e saber que você tá perto e
dizer sempre que precisa de mim,
do meu cheiro,
do meu calor
e a noite antes do sono me devorar em estilhaços de vidros ouvir: eu te amo!


Celso Andrade.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009



Talvez essa seja uma das maiores perdas da minha vida, não falo de sentimentos fúteis de pessoas com pessoas, falo de amor, apego mesmo, será uma separação dolorosa eu sofro a cada instante, ela apareceu em minha vida ainda garoto, mais de cinco anos juntos e agora eu pressinto que estamos nos separando, que ela irá de vez da minha vida, as coisa não foram como eu imaginei, os sonhos não concluídos... Uns realizados, outros frustrados, sei que parece infantil mais posso de dizer que me sinto vazio e só, não falo de companhia humana, falo de um membro que precisa ser retirado, como um braço ou uma perna, sinto que cada segundo ela vai partindo, não culpo ninguém, nem a vida, que nos prepara armadilhas e maravilhas.


É uma decisão que sei que serei obrigado a tomar, um adeus ao mundo musical que recebeu talvez por pena ou por disposição, não sei exatamente, sei que consigo lembrar apenas dos momentos bons, dos concertos e das aulas que participei e lecionei, dos grandes músicos que me inspiraram, tantas horas estudadas, juntos traçávamos nosso futuro, um grande ex-futuro musico, não quero parecer vítima nem fazer que tenha pena de mim, vim relatar minha separação da flauta, do que me alimentava dos tormentos da escola, dos amores que não tive dos sonhos não realizados, das viagens que fazia em casa tocando e ouvindo, sons agudos, graves, escalas, arpeggios, notas erradas, desafinadas, sons brilhantes, um dia melhor que o outro, era encantador até um dia, talvez isso que chamam de ansiedade me tenha desanimado, não sou frouxo nem covarde, apenas faço o meu papel: o de compreender o que a vida me pede a fazer.


A saúde, a insensatez das pessoas, a condição social, vilões de um romance triste, e talvez glorioso para uma união que foi maravilhosa enquanto se vivia intensamente, sinto-me como uma mãe que tem que abandonar seus filhos por algum motivo sério, não gosto da palavra separação, me lembra pena, necessidade, eu sei que nos amamos e só o tempo poderá curar todas as coisas.
Celso Andrade.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009


Minha mente afoita por versos
faz meus olhos sangrar em lágrimas
em minha mão esquizofrênica por palavras indefiníveis...

e no subjetivo mundo de significados me perco,
com meus pés inseguros
em entre linhas a tentar dar evasão a pensamentos
despenteados de lógica e coerência
eu me perco(no papel)
e me acho (dentro de teu mundo),
vazio de ti e cheio de mim.


à Jenifer Carmo


Celso Andrade.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Noites de sábado


Era bom , intenso e profundo o seu colo,
em um momento pensei em até pedir para ficar mais tempo, mais já era tarde,
o silêncio mais uma vez invadira aquele ambiente,
sedentos nos grudamos e exatamente dispersos esquecemos um do outro, só pensávamos na nossas expectativas , esquecemos de quase tudo...
e por um momento naufraguei dentro de ti, nós éramos apenas dois corpos, um bebendo a sede do outro corpo , não sei exatamente se o meu corpo era fonte de algo,
eu sei que pude ficar uma erternidade em tão poucas horas.
Celso Andrade.