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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Mentes Insolúveis

O comodismo e o habitual, incomoda-me e assusta,
eu quero a intensidade sentimental, o gosto amargo
fazendo-me melhor internamente, quero o âmago das coisas,
a diferença que Clarice dizia em seus textos.

O cotidiano formal das relações pessoais me vertem,
incomoda-me o formalismo internalizado nas pessoas.
eu preciso da da disparidade e a dor de ter ódio
para sentir-me vivo e perceber o coração mais acelerado,
para gostar menos de mim(corpo)e mais do meu íntimo.

Olha o medo, foi feito para nos sentirmos frágeis e fraco, mas depois
que o passa nos tornamos mais forte, porque o medo é engano,
parte sem se saber que está indo, na sua mesquinhez de nos fazer
leves apesar de intenso.
Se te assusto não é culpa minha, a vida sempre foi intensa comigo.

Celso Andrade

sábado, 23 de janeiro de 2010


Tudo que preciso hoje é um punhado de alegria, nem estou pedindo felicidade, pois é dura tarefa, preciso apenas terminar o meu dia melhor e menos cansado da vida e suas frustrações, eu só queria esquecer um pouco, estou tentando, fica ao meu lado sem dizer nada ouvindo minha respiração acalmar-se em sono, para acordar disposto.

Celso Andrade

A senhora X

Desde os quinze anos quando eu ia para a escola eu ficava olhando aquela senhora no banco da praça dando migalhas aos pombos ou cuidando do jardim da sua casa, aquela parecia uma vida monótona numa cidade grande, até que num dia de chuva já com mais idade, parei bem na porta da sua casa e então perguntei porque levava consigo aquela expressão de tristeza e cansaço, aquela vida aparentemente parada, ela nem parecia espantada com a minha pergunta intrometida, levantou-lhe aqueles olhos brilhantes-como se ainda estivesse muita esperança- e respondeu-me que monótona era a vida que vocês "urbanos" levam, estudam tanto tempo, depois passam a vida trabalhando como escravos, pois a única diferença é que recebem mas logo vem o casamento, filhos e família, ou então gastam com bebidas e baladas, não sobra espaço para o afeto, cultivar e cuidar o que nós temos de melhor, do que nos é dado e nem percebemos, vêem a mãe morrendo aos poucos e a colocam no asilo, vêem os pais morrendo por causa da bebida e logo o deixa de lado, sozinho na casa grande, que um dia abrigou filhos e netos em festas ou finais de semana, passamos por mendigos e nem demos conta, hoje ser natural e afetuoso não é natural, pois nosso tempo gastamos em academias, festas, praias, fazendo sexo desenfreadamente, ou assistindo tv, não damos conta do tempo que perdemos com futilidades que nem gostamos mas fazemos porque está na moda e precisa conversar na roda de amigos.
A senhora X calou-se por um tempo, e fitou seus vivos olhos de esperança em mim e disse: Meu filho olhe mais para dentro de você, porque o cotidiano... está internalizado em nós desde criança, o fazemos por inércia, e se eu não cuidar das plantas, flores e de mim, do que é meu, quem cuidará? do resquício de verde que ainda resta nessa cidade?Me despedi da X e fiquei pensativo todo o dia, havia uma alegria em mim igual a que sinto as vezes ao ler livros.

Celso Andrade

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O flautista da casa 39

Toda vez que passava pelos Frades era impossível não ouvir aquele som- mágico, encantador, brilhante, daquela flauta que tocava e"me tocava", confesso que em alguns momentos difíceis da minha vida sentava na calçada para ficar ouvindo o flautista estudar, passavam horas e no seu rigor e perfeição eu apreciava aquele som, que hoje longe dos frades já não posso mais ouvi-lo, porém lembro como se fosse hoje a primeira vez que passei e lá estava aquele som que fui seguindo por becos e ruas até deparar-me na casa trinta e nove onde minha vida nunca mais seria a mesma.

Celso Andrade

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


Partiram as horas, as pessoas, a vida,
não sei mais escrever, só vem na mente
o medingo que pedia-me esmola
os feios que frequentam salões de beleza
e clínicas de estética, as academias cheias
de gente que nunca abriu um livro.

Foram-se a simplicidade com os programas
fúteis de TV, e só vem na mente as brigas
de trânsito, escolas vazias e aumentos
de salários para políticos, e me pergunto se
ainda existe isso que chamamos afetividade,
amor ao próximo?

Hoje eu quero escrever aos mal amados,
mal vividos e incompreendidos, são para
esses que hoje dedico o meu dia a minha hora
suada de trabalho literário para te dizer que
ter ou não ter não tem diferença quando se torna
uma pessoa "igual a todas as outras".

Celso Andrade

domingo, 10 de janeiro de 2010

I Provérbio tirado do Poço



Má sorte dos que tentam decifrar os sentimentos e pensamentos dos outros para proveito próprio para persuadir o objeto de dejeso, pois aquele que não se mostra estará seguro das mentes enganadoras e psicopatas, pois a mente fraca enrolarar-se em seus próprios conceitos e tropeçará nos fios do seu pensamento.

Celso Andrade

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


As vezes aprisionamos o amor dentro de nós
e não deixamos que parta de dentro da alma,
quando o amado ja se foi e sofremos com o que ja está morto
e não deixamos espaço para que outro sentimento nos invada,
carregaremos pequenos cadáveres o resto da vida
e não será tranquilidade:sofrimento além da conta,
ciúme desnecessário, raiva, acabaremos sufocando a alma
e impedindo o ardor e a vertigem de amar novamente.

Celso Andrade

sábado, 2 de janeiro de 2010


Deixe sua mensagem após o bip:

-Não me deixe dormir hoje com essa sede na boca, esse calor no corpo, e esse desespero tomando conta do coração, me abrace, me cheire, aperte-me contra o teu corpo, e me diga dezenas de coisas sem sentido, me leve para sua casa e me dê colo, não precisa me amar nem casar-se comigo, só esteja perto, colado, dentro e fora, sussurrando baixinho safadezas que só você sabe, só você pode levar-me a lua, mais venha logo, que as horas passam e essa sede por luxúria leve-me para longe de ti, a outras esquinas, bares e boates pela madrugada tentando lembrar de ti, do teu corpo, do teu cheiro, antes que alguém que não é você mate a minha sede, e deixe com essa maça na mão, ou que minhas mãos trabalhem por ti
....

Celso Andrade