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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Somos ou não somos importante?


Não sei extamente como é, mais talvez demore uma eternidade ou nem tanto tempo assim, para ouvir o que desejamos(precisamos), o que não queremos ouvir nos é dito com tanta frequência e frieza, que esquecemos que somos humanos e que possuímos afetos.

Temos tantos amigos, mas só é percebido a falta do mesmo, muito tempo depois de o ter perdido, e que não é preciso demonstrar vinte quatro horas do dia, isso todos nós sabemos, sabemos e não damos importância que tudo que é bem poderá virá mal .

Por esse motivo, depois de três meses e dez dias longe de tanta gente e de uma delas eu pude ouvir: Você faz falta! - era uma das pessoas mais próximas a mim, confesso que não contí lágrimas, demorei 19 anos 10 meses e 11 dias para ouvir, uma, das coisas que faz com que tenhamos coragem e força, para viver nesse século de tanta pobreza e falta de afetividade, e sempre é tempo de renovação e que há sempre mais uma lua nova a ser vista.


Celso Andrade.

segunda-feira, 20 de julho de 2009


Era um dia ensolarado quando nos vimos pela primeira vez, quem reparasse em nossa face diria que nossa sede era inevitavelmente visível, que só mais tarde pudemos compartilhar daquela sede, no primeiro momento teu beijo me pareceu estranho, talvez falta de costume, não sei. Sei apenas que hoje conheço cada milímetro da sua boca, cada centímetro da tua pele, e o gosto de tua saliva. Tão enredados estávamos que uma só palavra quebraria aquele monto só nosso, não sei se era alucinação mais ouvia nitidamente solos longos de violoncelo cheios de vibratos arrebatadores. Hoje sei que cada instante nosso dura uma eternidade, ainda que seja só na memória.


Celso Andrade.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

diário de uma (des)esperada




Ela tinha 22 anos, não só de idade ,de prisão(não uma prisão material)falo de ser impedido de realizar-se, quase de viver.
O desejo de sair da situação, que no início parecia a solução de seus supostos defeitos e problemas a tinha prendido no meio de um povo, de um costume bem diferente o qual escolheria após tantos anos de resignação, mas não é disso que eu quero falar, quero relatar que depois de tantas tentativas e pedidos a esse que chamam de Deus, se sentia cansada de tanta espera, de tantos pedidos quase nunca respondidos, talvez a porta que chamavam de certa não era a que ela escolheria com 14 anos se soubesse o doce da liberdade, mas aquela porta que entrou a tinha conduzido a um caminho quase sobrenatural, não era isso o que desejava, já não se reconhecia mais como humano,tinha que ser quase como uma super-mulher, capais de tudo, de esconder defeitos, e fingir que possuía desejos.
A vontade de sair por aquela porta que a conduzia esse lugar sem nome, mais tão familiar lhe deixava angustiada, tantas pessoas ao seu redor e se sentia mais só que uma pedra abandonada no meio do rio, seus pais não sabia das suas vontades nem de seus anseios (não falo de uma menina mimada, falo de uma adolescente intelectual, que desde bem novinha estudava piano, pintava telas, e um dia descobrira que podia escrever poemas).
Talvez empurrar a porta seria a solução de seus problemas, mas afinal qual era seus problemas? Isso se perguntava todas as manhãs ao acordar, - que tenho eu de diferente?-Sou pior que todos?-Não posso ser feliz e livre de tabus e regras impostas não sei por quem?Essas perguntas a martirizava, um dia dentro daquilo sem nome sabendo apenas que tinha entrado por uma porta estreita e infinita, descobrira que existia uma janela, e que essa janela apenas lhe dava a possibilidade de olhar por um período, que só mais tarde a enxergaria inútil! Às vezes pesou em se jogar janela abaixo, mas não enxergava o que tinha lá(via apenas escuridão).
Os anos passavam e o desejo de arrebentar aquela maldita porta aumentava, pensar em atravessar já era um perigo, talvez nem fosse tão perigoso assim, precisava coragem, pois sempre fora tão audaciosa e persistente nas suas escolhas, mais aquela,aquela decisão como falei, era a única que a martirizava, e assim quase impedia de viver.


Inconcientemente começou uma pequena mudança em sua mente, -não sei exatamente explicar mais é como se uma espécie de esperança, de mudança, uma possibilidade a tinha invadido depois de devorar mentalmente cada palavra de uns livros que andava lendo.Vivia agora inundada de pensamentos, talvez Caio F,ou Clarice lispector, não sabia exatamente o que era , sabia apenas que algo bom a havia inundado.Até a porta ela já conseguia ver, só lhe faltara coragem de tocá-la, de empurrar , de abrir e descobrir o outro lado o outro sabor, a nova vida que a invadiria até então a mesma à 22 anos.



Depois de tanta hesitação, Suzana não sabe como, apenas lembra que numa noite de feriado, já sem forças e tão cansada, se entregou..., aquele momento parecia o fim do mundo para ela, poderia fazer tudo na vida menos aquilo, uma vez empurrada a porta, o sem volta, talvez o nem tão sem volta assim. segundo os costumes do seu povo Suzana havia transgredido. Afinal de contas quem viu o que fizera Suzana? agora ela se sentia mais livre, como se um monte de correntes se tivessem partido, ganhara uma nova vida nem tão diferente assim, o medo da porta era o que a deixava confusa , mas só depois de esperimentar o desconhecido ela soube ver o mundo de outras perspectivas.


Pensando ter terminado o seu exílio, Suzana não sabia o que a esperava, sabia apenas que enfrentaria pais e irmãos opressivos, nunca aceitariam ela daquela forma, vestimenta diferente, novas amizades, enfim, vida nova, o que viria seria fácil ela conseguira dar conta, até então o preconceito, regras e tabus auto-impostos, tinham sido vencidos por ela, o importande é que houve uma abertura para o novo , desde que se tenha ao menos um raio de luz a entrar por janelas e portas, a grandes possibilidades de uma vida plena ou um grande início de felicidade.




Celso Andrade.

quinta-feira, 16 de julho de 2009


Nunca precisar do amor de alguém,
é amar demais a sorte!
Celso Andrade

terça-feira, 14 de julho de 2009

Dispersas vertigens...


Eu quis dar e receber sem urgência nem cobranças. Nada foi cedido, nem me permitiram soltar essas borboletas, tristes, escuras, presas e envelhecidas de tanta sede, sede de liberdade, de amor e de paz. Tudo que me foi cedido foi sujeira, lama, limo de poço e uma água suja que ás vezes penso em me alimentar, mas êxito sempre, seria uma audácia minha igualar-me a esses corpos de tantas faces,quem nem lembro os traços, nunca soube exatamente como os são,apenas sei que existem e são perigosos e era para eles que eu ia.

Sei também que toda essa espera do nada, essa demanda em manter presas as borboletas tem me deixado choroso, e a entrega é algo confuso e sempre precisei da queda e da dor para me sentir vivo - ao menos isso!

Afundado e subitamente tranquilo tenho vivido apenas o outono-secura, cascos a pisar, e galhas para se cortar, e nem sombra de orvalhos.


Nem a tua boca almejei encostar a minha, pois a minha sede é outra, nem te pedir eu ousaria, tenho estado fora de mim a tanto tempo que por a cabeça fora do casulo seria como me jogar cachoeira abaixo sem saber a profundidade, e sabendo que não teria alguém a minha espera lá em baixo de braços abertos, caso o meu corpo não se desmanche nessas rochas e se misture a essa imensidão de água suja que me é oferecido beber .


Eu queria gostar do pôr-do-sol que todos tanto comentam, a lua tem iluminado meus passos nessa longa caminhada de um destino desconhecido.


Acho que nem solos de trompetes mechem mais comigo, ligo o som e nada me comove, devo ter virado inverno, ao menos verei chuva e poderei consolar-me ouvindo inverno na voz de Adriana Calcanhotto.
Celso Andrade.