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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pensamentos cinza


A vida
tem o poder
de endireitar-me,
se ando
por trilhas desajeitadas,
logo a vem
e me da
um acerto de contas.
E são as trilhas
que um dia
nos fará chegar
a maturidade,
são
sóbrio ou
sonhador
se acatarmos
o que nos tem a oferecer,
ou
pisaremos nos mesmos buracos
e seremos seduzidos
pelo ego
e pela falta de fé.

Celso Andrade

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Amor e Desamor


Depois que o amor parte
você percebe que
a história não tem fim,
sobraram-lhe os detalhes,
esses que machucam
a gente aos pouquinhos
sem querer doer.

Os talheres na mesa
uma xícara,
um prato apenas
o seu.
Um lado da cama
onde você põe a mão
e sente frio na alma.

Você verá que
o amor e o desamor
é dura tarefa,
mas que precisa dele
para sentir-se vivo
e esperançoso.

Celso Andrade

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Escolhas

Aprendi a falar
usando e controlando
o silêncio
das palavras
não ditas.

Fechei os
olhos para
enxergar
o que estava
oculto
em pensamentos.

Deixei o amor partir
para medir o
quanto ele é
racional, ou se
sou eu que
ajo sempre pela
razão.

Celso Andrade

Presságio


Espero,
como quem
sabe o preço e o valor
do que está por vir.

Anseio o futuro
como quem respira
intensidades.

Vivo como quem
anda descalço em
em pedras.

Sinto gotejar felicidade
Por tudo que é belo,
que é vivo e esperançoso,
encho-me de calma
e espero...

Celso Andrade

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Poço Literário

Bebo no mesmo bar
que Drummond tomava pinga,
onde Mário Quintana
sentava para paquerar,
onde Virgínia Woolf
acalentava seus desesperos.

Ando na mesma rua onde
Clarice sentava para escrever.
Passeio pelas terras onde
Rilke viveu seus últimos
dias e toco no mesmo banco
da praça onde Cora fez
seu primeiro verso.

Celso Andrade

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Entardecer


Há eucalípitos na janela,
sinto a cidade amarelada terminando o sábado,
na varanda silenciosa percebo,
o sol cada vez ir mais lento,
salvador sem brisa,
crianças na praça a correr,
avisto um velho no batente de casa
assobiando um chorinho do Guerra-Peixe,
percebo uma áurea entrar porta a dentro
e logo sou invadido por inspirações,
mas a cidade logo perde o amarelado solar,
e em alguns minutos é acinzenta,
virando noite.

Celso Andrade

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Em Caos e Cacos

Há cacos
de gente espalhado pela cidade,
tenho pena,
pena das gentes, não de mim nem dos cacos,
dos fracos em frangalhos nas ruas,
no mundo.

Há caos
separando as pessoas,
caos e desordem na cabeça das pessoas.

Há caos
no mundo,
um poço
de impunidade
violência
e tristeza.

Há cacos
no coração
na mente
nas famílias.

Há um mundo
desvairadamente
em desconexo,
permanentemente
em caos de cacos
na gente.

Celso Andrade

Do desejo

Penso e logo desejo,
se não posso dou um jeito,
por vezes
sacio a alma com luxúria,
algumas em silêncio
outras com palavras,
alimento os afetos,
as vezes errado
outras por necessidade,
estou sempre intenso
por dentro e fora.

Celso Andrade

O sentir

As vezes sentir
o coração pulsar
além do normal
é um sinal de algo que ainda
está vivo e inconsciente.

Mato para sair
do que estou preso,
amo para continuar
vivendo.

Celso Andrade

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Da solidão aefetiva


O que adianta ter um coração
serial killer,
que apenas alimenta-se do prazer
que o corpo alheio
lhe oferece como única dádiva?

Mata sempre a alma,
jogando o corpo no mundo
em busca de prazer fugídio,
e no final.. é você,
sem coração, corpo e alma.

Celso Andrade

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Para dias seco



Hoje acordei em prosa
foi-se a poesia que me deu moradia,
amanheci metáfora.
Passei a tarde de trabalho dissertando
o coração, totalmente sem acerto,
consultei dicionários tediosos,
estava certo quem disse que o
amor é algo sem explicação,
apenas sentimos.

Celso Andrade

Sobre a intensidade da vida



Meu coração é como um bêbado pedindo mais uma dose de whisky,
a essa ilha de prazeres economizo toda palavra possível,
aos amores que não posso acolher escrevo um romance,
aos amantes que acolho com luxúria faço-lhe um dicionário.
Meu coração não vale um conto, um trecho, uma poesia.
E as paixões fracassadas? ofereceu-me a vida.

Celso Andrade

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A calmaria

Vivo no mais célebre dos meus dias,
o que antes era como vidro embasado
querendo ver o outro lado da rua,
contemplando o coração machucado.
Vivo solicitamente na aurora dos dias
fora do mundo habitual,
mergulhado no mais fundo universo
perfumado de auras e plumas.

Celso Andrade

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Para sobreviver


Vivemos na era da falsa felicidade, temos sempre que seguir regras impostas de onde nem sabemos de onde veio, impostas pela igreja, pela família, doutrinas e dogmas nos fazendo menos humano, menos livre e menos felizes. Pensar pode ser proibido, defender ideia própria é perigoso, temos que engolir cada goda que nos é obrigado a beber sem questionar o porque das coisas, dos preconceitos.Viraremos a cara paro o espelho e descobrimos quem queremos ser ou passaremos o resto da nossa vida reputados como ovelhas para o matadouro.
Reprimindo desejos naturais do corpo, matando a alma.

Celso Andrade

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Atutudes


Nunca se falou tanto em afeto, e no mal uso da palavra amor, há quem diga que no primeiro cruzar de olhos, houve a entrega, nunca houve tantos namoros e casamentos acabado em tão pouco tempo, famílias destruídas, livros de auto-ajuda enfeitando prateleiras e panelas vazias, a teorização das coisas e afetos irrita-me a ponto de não cair em cilada alguma, a não embarcar em relações pessoais e afetivas, pois o fim delas é sempre frustração e mal entendidos, nos fazendo "menor", se existe uma coisa na qual não se deve abrir mão?
Eu digo que da Vida.

Celso Andrade

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

III Motivo do pigmento


Meu coração é Branco,
nele não contém as minhas desgraças,
tão pequeno que não cabe nem as minhas lastimas.

Meu coração é puro,
dele sei apenas o nome,
meu coração é uma tela vazia
onde Frida kahlo pintaria seus quadros.

Celso Andrade

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Boas saudades


Sem saber ao certo e porque lá estava ele mais uma vez preso aquele sorriso, nunca se sabe a magia e o poder de um pós sorriso, grudado na mais sacana memória, talvez um "oi", ou... como vai?, ou... foi bonito aquele dia, ou... quem sabe: fica comigo mais uma vez..., enquanto não se ouvia nenhuma dessas coisas que andara pensando depois do sorriso gravado e o ardor transbordando peito a dentro, ele pensou: Foi bom.

Celso Andrade