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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Porto desconhecido.


Tenho preparado-me e esperado por você há muito tempo,você que é sem nome, nem sei como é, sei apenas que espero te espero na esquina, no bar, na praia, em casa, no ônibus, nunca encontrei... Talvez eu desconfie como possa ser você, tentei te identificar pelo cheiro, pelo olhar,não! Não desconfio porque disse que não sei quem, nem como você é, mas hesito em tentar algo que possa atrapalhar a minha espera, que nem você sabe que vira assim para mim... Para nós, ou talvez para o mundo, pra me aquecer nessas noites de chuva sem cobertores, e nenhum sinal de fogueira acesa, e numa volúpia carnal nos abraçaríamos demasiadamente aflitos, afoitos, sem pressa, sem sono, sem medo ou vontade de partir, tão engenhosamente respiraríamos o mesmo ar, beberíamos da mesma saliva, essa saliva que não sei se trará de Budapeste, Bruxelas, ou talvez nem traga, e então estarei tão envolvido por você que seremos um, parados nos olhando fixo para o nada, para você, pra mim.Sem uma palavra a ser dita, nada que pudesse atrapalhar aquele encontro esperado por mim ou por você que continuo sem saber como pode ser.Espero-te de braços abertos como quem segura numa árvore milenar, meus braços não seriam o suficientemente grande pra te abraçar depois de noites afora sem sono, e manhãs e dias de desespero, aflições que às vezes pensei em me jogar no mar para ser levado pelas ondas e ser acariciado pelas pedras que rolariam sobre minhas costas turva da espera de você, ou talvez de mim.

Celso Andrade.

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