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terça-feira, 14 de julho de 2009

Dispersas vertigens...


Eu quis dar e receber sem urgência nem cobranças. Nada foi cedido, nem me permitiram soltar essas borboletas, tristes, escuras, presas e envelhecidas de tanta sede, sede de liberdade, de amor e de paz. Tudo que me foi cedido foi sujeira, lama, limo de poço e uma água suja que ás vezes penso em me alimentar, mas êxito sempre, seria uma audácia minha igualar-me a esses corpos de tantas faces,quem nem lembro os traços, nunca soube exatamente como os são,apenas sei que existem e são perigosos e era para eles que eu ia.

Sei também que toda essa espera do nada, essa demanda em manter presas as borboletas tem me deixado choroso, e a entrega é algo confuso e sempre precisei da queda e da dor para me sentir vivo - ao menos isso!

Afundado e subitamente tranquilo tenho vivido apenas o outono-secura, cascos a pisar, e galhas para se cortar, e nem sombra de orvalhos.


Nem a tua boca almejei encostar a minha, pois a minha sede é outra, nem te pedir eu ousaria, tenho estado fora de mim a tanto tempo que por a cabeça fora do casulo seria como me jogar cachoeira abaixo sem saber a profundidade, e sabendo que não teria alguém a minha espera lá em baixo de braços abertos, caso o meu corpo não se desmanche nessas rochas e se misture a essa imensidão de água suja que me é oferecido beber .


Eu queria gostar do pôr-do-sol que todos tanto comentam, a lua tem iluminado meus passos nessa longa caminhada de um destino desconhecido.


Acho que nem solos de trompetes mechem mais comigo, ligo o som e nada me comove, devo ter virado inverno, ao menos verei chuva e poderei consolar-me ouvindo inverno na voz de Adriana Calcanhotto.
Celso Andrade.

Um comentário:

clesia disse...

estou tremendamente me endentificando com seus textos a melhor parte que eu acabei me endentificando foi quando vc fala que: "Eu queria gostar do pôr-do-sol que todos tanto comentam, a lua tem iluminado meus passos nessa longa caminhada de um destino desconhecido.

devo ter virado inverno, ao menos verei chuva e poderei consolar-me ouvindo inverno na voz de Adriana Calcanhott"