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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Adeus ao apego


Às vezes vontade de partir é tão forte que imagino como será o depois de pulado a ponte, de ter esquecido tudo, como ficarão as coisas depois do adeus, da partida inesperada, penso seriamente em arrumar um canto só meu, onde acorde e ouça apenas o som dos pássaros, solos longos de violoncelo tocando Dvorak, sentado ao chão sem amor, sem esperanças e sem apego também, onde possa chorar todos os choros que não tive força pra derramar, esse pranto que guardo dentro do peito e palpita feito ferida aberta esperando solução, cura, rolaria pelo chão limpado cada pedaço que levo grudado de paixões fracassadas, de sonhos não realizados, entraria no mar e lavaria cada sujeira deixada pelos "sem alma", porque toda alma sonha com um corpo sossegado de perdas, frustrações, e falta de afeto, depois disse tudo deixaria de seria eu mesmo, sem bagagem, viajaria mundo afora sem amarras, e sem apego.

Celso Andrade

2 comentários:

Unknown disse...

Na teoria funciona bem melhor que na realidade.
Mesmo quem viaja mundo afora, um dia volta para casa e encontra o vazio do que deixou pra trás.

do Céu disse...

nessa ciranda de sentimentos... que é a vida.