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domingo, 4 de julho de 2010

Para a passagem de.


Hoje durmo com a minha dor, Apesar das dores serem sempre ocasionadas por alguém, ninguém sabe dela porque é só minha. Também não é diferente das outras é só mais uma que me abraçará ao deitar. Mas luto para esquecer o cheiro do outro, o beijo do outro. E espero cada dia me desfazer desses-pequenos-cadáveres, que ou assumimos o luto porque ele existe e aprendemos a ultrapassar barreiras, ou deixamos ser assombrados pelos cadáveres que não tem hora, nem tempo de partir. Mas não deixemos que se vá com o nosso sonho e que na maturidade possamos ver tudo com bom-humor, e rir com mais lucidez.


(Celso Andrade)

5 comentários:

♪ Sil disse...

Celso meu querido.
Como eu gosto de você, sabia??
E por falar em amor, vc dizer não ter condições de falar sobre isso, eu te digo que muitas vezes na vida, eu tbm não tive essas tais condições.
Meu querido, eu tenho tantas marcas, cicatrizes de amor, que nada apaga.
Mentira dizer que apaga. Ela fica guardada num arquivo dentro da gente, que não tem como dar o delete. Elas ficam lá, e pode passar mil anos, um dia a gente se pega pensando nessa dor que tivemos, no causador da dor.
Hoje, eu estou tentando falar de amor, escrever sobre amor, porque eu acredito nele demais.
O amor transforma, mesmo que doa.
Eu não conseguiria viver sem amor, mas se o tenho hoje, se o sinto hoje, te confesso que guardo pra mim.
A aproximação com o outro me é penosa, então prefiro amar sózinha, em silêncio.
Sei lá se estou certa, ou errada, mas talvez ainda esteja aprendendo a olhar minhas cicatrizes com um olhar carinhoso, dizendo a elas, o quanto eu aprendi, o quanto eu cresci, o quanto eu sobrevivi.
Enfins....muitas coisas que vc escreve, coloca de dentro de você já foram sensações tão minhas, por isso essa sintonia contigo, esse bem querer, pela pessoa maravilhosaaaaaaaa que vc é, porque assim eu te vejo, e assim é você.

Te abraço meu querido!

Priscila Rôde disse...

Um dia se chega lá..
Acredite!

ítalo puccini disse...

lembrou-me o conto "pela passagem de uma grande dor", do caio fernando abreu. muito bom!

grande abraço.

Sheila C.S. disse...

Ah... Lembrei de uma música que, para mim, é uma das mais belas da MPB. Vai a dica: De mais ninguém, com a voz da Mariza. É demais! "Se ela me deixou a dor, é minha só, não é de mais ninguém..." Abção, Celso!

P L disse...

Olá, Celso.

Adorei seus últimos textos, li cada um deles, mas esse aqui me chamou mais a atenção por se tratar de um tema recorrente na vida da gente, não é? Sua forma de escrever é bastante expressiva, parabéns.

Abraço,
Patrícia Lara