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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O seco,
é a falta,
do que falar.
É o amor surdo.
É o sonho atrasado.
O seco iluminando
manhãs e as tardes
das gente.

E o ríspido fazendo-se família
porque o seco vem dos indivíduos.

Na minha casa,
na minha rua
já nasceram na falta.
Nasceram num silêncio feroz.
Quem nasce nesse tempo não tem escolha,
é tudo figurativo.

A escola é o nada
O boteco é a igreja
Deus é a aparência
O amor é a alma vendida.

Mais ainda me recuso a ser seco, mesmo sendo o nada.


(Celso Andrade)

5 comentários:

Tati Lemos disse...

O seco é aquele vazio e sem ninguém nem nada que o complete*

Beijos menino**

Felicidade Clandestina disse...

o branco, as palavras, o poeta...

tudo lindo, poético e mágico por aqui.

ítalo puccini disse...

esse teu poema abre para muitas leituras. e é esta a não-função do poema, a de não servir para nada ao mesmo tempo em que propõe muito.

grande abraço!

Priscila Rôde disse...

"Mais ainda me recuso a ser seco, mesmo sendo o nada. "

Gostei! Muito, muito, muito!

Pequena Poetiza disse...

essa frase final foi de arrepiar a alma heim.

e vc sempre mutante
adorei a nova cara do blog

beijos