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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A outra face


Por vezes a vontade de partir é muito forte, mas ir embora já não é possível, e ficar será doloroso e insalubre, que faço? Mude! tente a mudança, passe por cima dos seus (pre)conceitos, e ideias que defendeu a vida toda, assim viverás uma vida melhor e mais "saudável", ao menos alguma coisa será diferente, quando tentar é o que lhe resta, viva a vida do outro jeito, do outro lado do outro modo, pois existe infinitos caminhos, busque o que melhor lhe cabe.
Acredite, existe o outro lado, ou céu ou inferno, mais existe, só saberás se buscar, quando ficar na mesma situação em que humilhar-se, já não pode.

Celso Andrade

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Invasão


As vezes a alegria chega de mansinho, vem pelos cantos, pelas beiradas, pela fresta da porta, invade e não pede licença, transforma, muda um ser inteiro e os que estão à sua volta, é preciso ter espaço e coragem para deixá-la fazer morada.

Celso Andrade

I Conto do Poço - À eira do desencontro


Sentado na varando eu a esperava, mais ela demorava e resolvi descer a rua e sentar no batente da esquina que cruza a rua das tristezas-onde já se viu por nome de rua assim, devia ser por isso que existia tantas solteironas na minha avenida, casais separados e alguns ainda assim felizes, apesar de ter perdido tudo, mais Deus existia dentro de cada pessoa, ele era talvez a esperança, o que fazia com que nós da Rua tristeza, pudessimos esperar alguma coisa boa e alegre, vinda não sabemos de onde, o horário ia distanciando da que tinha-mos marcado, pensei no trem que pudesse ter atrasado, não, ela vinha de ônibus e pudesse ter quebrado, havido um assalto, ou algo parecido, mais continuava esperançado, esperando, porque tinha-mos marcado não só "um mero encontro", era o encontro de duas almas sedentas, esperando talvez sem expectativas o que nunca houvesse encontrado em toda a vida, aproximava-se das dezoito horas e o sol ia pondo-se, as trevas ia tomando conta da rua tristeza, e de mim também, do meu coração que começava a enegrecer-se com espera dela, da nossa matança afetiva, derrepente apareceu dois meninos que brincavam desde a hora que desci e sentei naquela esquina na casa de Dona Marizete- mulher das cartas, cigana desde criança, se ela soubesse que estava ali a esperando alguém que demorava e não dava sinal de vida, alguém que apareceu na minha vida por intenção do destino, uma possibilidade de amor, chamaria-me e leria meu destino, saberia meu futuro, mas havia algo que ainda existia bem pequeno em meu ser, algo chamado pequenas-esperanças, me segurava naquele batente, com minha bunda dormente da espera que não sabia desde que hora, que dia e momento ou se era sonho a minha espera ou talvez a nossa espera mais ela parecia desistido, quando os meninos riram da minha cara e perguntou-Tio ta esperando quem? ou outro menino mais baixo e barrigudo disse: ele deve ter tomado bolo da mulher que o abandonara, riam de mim, e saíram fazendo algazarra da minha cara, cara não! Do meu encontro fracassado por causa dela, que não vinha e fazia-me pensar como seria minha vida depois daqueles dias de tanta espera de tanta aflição nesse meu coração que palpitava quando passava alguma mulher alta , morena, de cabelos curtos que pudesse ser ela, não era, e eu continuava ali , parado sem saber que rumo levar, depois de ter pensado em tantas coisas e encontros antes nunca fracassados como esse, passavam alguns vizinhos e eu abaixava minha cabeça e escondia-me, de todos, estava irreconhecível de barba grande, roupa suja e o cheiro do corpo dela que havia deixado do nosso último encontro, -era a última coisa que havia-me sobrado de lembrança dela-, não sei de onde veio-me uma força que me levou para dentro de casa, talvez fosse o Deus da esperança que ajudava os moradores da rua tristeza, havia perdido a fome a vontade de ir a baladas, festas e cinemas, a única coisa que havia me sobrado foram os livros, esses que contavam histórias como a da minha espera fracassada, talvez nem tão fracassada assim, depois daqueles dias dentro daquele poço, e agora voltando a rotina, parei de sentir aquelas coisas sem nome que machucam devagar e nos vai arrancando força por força, lágrima por lágrima, foram-se tudo com ela, tomei banho, li alguma coisa tipo Clarice Lispector, vesti-me e fui ao barzinho testar meu poder de paquera-nem estava tão enferrujado assim- levei uma moça do interior que estava trabalhando numa casa ao lado, para a minha e a neginha mostrou o fogo que tem as pacatas e tentei esquecer aqueles dias intermináveis dentro daquela espera que perdurou até a última palavra da cigana que abriu-me a porta e disse: é hora de aproveitar a vida.

Celso Andrade

domingo, 22 de novembro de 2009

Poesia molhada


E eu ia indo por dentro da chuva, não importava-me as roupas, o resfriado depois, eu queria sentir cada gota entrando-me os poros, e cada uma delas ia misturando-se às minhas lágrimas que caiam sobre o meu pranto contido desde quando comecei a andar, porque aquela chuva significava todos os choros que nunca conseguiria chorar em vida.

Celso Andrade.

sábado, 21 de novembro de 2009

I motivo do dia


Manhãs para viver,
noites a sonhar,
madrugadas escrever
vida a poetar.

Silêncios escutar
ventos gemer
gatos caçar
pássaros a correr
crianças a brincar.

Manhãs tranquilas
sol abrasador
meu dia descansar
mar brisador

Musicas ouvir
dedos a tocar
corpo a sentir
alma descansar

Silêncios ouvir
palavras calar
saudade sentir
da boca beijar

Celso Andrade

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Enxerga-me

Ah! se soubesses a dor que carrego dentro de mim...,
viria como anjo a socorrer-me.
Se soubesses o bem que te quero,
nunca desgrudarias de mim.
Se soubesses o quanto pena, minh'alma por paz,
pediria sossego ao vento e ao mar.
Se soubesses o quanto a amo abandonaria-me na
primeira esquina que encontrasse.
Se reparasses mais nos meus afetos, viveriamos
melhor.

Celso Andrade

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Poema por desleixo


Ninguém entende-me
ninguém me ler,
nem almenos sabe o quero falar.
Nem se aproxima dos meus escritos
pois pode querer-me amar,
ainda por cima tem me como inimigo.
Ninguém me ouve, ninguém me vê
nem sabe o posso querer, também...
nem quero saber, sou um poeta
do desleixo, pois escrevo sobre
o descaso dos meus leitores,
mal amados, que vive em horrores.

Celso Andrade



Adeus ao apego


Às vezes vontade de partir é tão forte que imagino como será o depois de pulado a ponte, de ter esquecido tudo, como ficarão as coisas depois do adeus, da partida inesperada, penso seriamente em arrumar um canto só meu, onde acorde e ouça apenas o som dos pássaros, solos longos de violoncelo tocando Dvorak, sentado ao chão sem amor, sem esperanças e sem apego também, onde possa chorar todos os choros que não tive força pra derramar, esse pranto que guardo dentro do peito e palpita feito ferida aberta esperando solução, cura, rolaria pelo chão limpado cada pedaço que levo grudado de paixões fracassadas, de sonhos não realizados, entraria no mar e lavaria cada sujeira deixada pelos "sem alma", porque toda alma sonha com um corpo sossegado de perdas, frustrações, e falta de afeto, depois disse tudo deixaria de seria eu mesmo, sem bagagem, viajaria mundo afora sem amarras, e sem apego.

Celso Andrade

Há um silêncio apavorante e abrasador que nos separam,
desses que separam vidas, e mata qualquer alma faminta de
felicidade, e submerge sonhos e esperanças mesmo na sinceridade.
Tenho medo de cair num poço sem fundo, e que essa não seja mais uma relação fracassada de duas almas sem rumo.

Celso Andrade

Que eu não perca a capacidade de amar
e ver as coisas melhor no futuro,
que o presente que vivemos juntos
não tire a esperança que me faz ver melhor
as coisas e as pessoas , nem faça-me perder
tempo, sem compartilhamento de afetos.

Celso Andrade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009


Sou a parte de mim mesmo que vive e sonha,
que me completa mesmo estando vazio de sentimentos,
e apavora-me quando não tenho respostas a paixões,
nem camufla-me as dores em certos momentos.
Pois estou certo que a parte de mim, que apavora-me
por vezes deixando-me desesperado,
também sonha com um sossego, porque toda alma
sonha com um corpo sossegado.

Celso Andrade.

Coração prostituto


Depois que separei-me meu coração ficou em estilhaços,
deixava rastros em todos os lugares que ia
estava em todas as casas que visitei,
todos os cantos da cidade,lá estava mais uma parte de mim,
porém não ficava, era apenas um fragmento de um todo amoroso,
que não chegava a ser amor, foi dura a separação,
dias tentando recompor seu corpo, em meio a tantos corpos diferentes,
que nem ao longe pareciam o seu,
algumas vezes culpado por não poder ficar,
outras apenas frustração de ter usado meu corpo
como meio de encontrar algo que pudesse substituir
a única pessoa com quem compartilhei toda minha intimidade.
sim foi o único,puramente amado como ninguém,
essa luxúria que fui envolvido não passava de uma vertigem,
conduzida pelo meu corpo, para dar prazer a tantos
quanto solicitasse a minha presença, por mais que tivesse envolvido
em um jogo amoroso, havia algo que não era deletério, seu beijo
gosto molhado que guardei bem ao fundo da minha garganta.
Fiquei só, abandonado nas trevas da separação,a minha volta
apenas perigo de cair como peixe em alguma rede sem proteção
diferente da que estava vivendo com ela, esperei, hoje vivo
na ilusão de encontros e esquecimentos, diferente do amor
que estava acostumado a viver.


Celso Andrade.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poema por explosão


Hoje acordei e disse pra mim mesmo
que não escreveria mais,
foi duro, tinha um poema meio diferente
desses que conto meus dilemas,
engasgado na caneta, me conti,
os dedos pareciam duros
fui posto no muro das letras
e lá estava ele inteiro , pronto,
para ser posto o ponto final,
segurei-me pra não correr,
nem me perder dos significados,
o dicionário sumiu, fiquei encabulado
era um poema de rima pobre, meio
dessas pessoas sem namorado
que nem tem muito a dizer
mais bem sabe escrever,
nem corta coração,
mais tinha no final um verso
de rima rica, mesmo sabendo
que alguém sempre fica submerso
sem entender o que queria o poeta
com esse poema quase atolado na lama
sem algum dilema e dor,
como alguém que ama
e não sabe que é o amor.

Celso Andrade.

domingo, 8 de novembro de 2009

Discurso amoroso quando viver torna-se um favor


Talvez se tenha um preço por viver bons momentos ao lado de alguém, gostar e ser correspondido pela pessoa amada que está ao nosso lado independente do que temos a oferecer "pagaremos pelo que nos é oferecido", furaremo-nos no espinho da cheirosa rosa que colhemos.Mais cedo ou mais tarde seremos pegos de surpresa e não teremos pra onde correr, seremos cobrado pelo que usufruirmos, na vida há uma espécie de favor, como dizem os mais velhos " com o que se dá se recebe" , pensaremos que seremos abraçados quando precisarmos e seremos segregados, pensaremos ser afastado e seremos aceito, a surpresa, o momento de glória ou frustração raramente é acertado ou pensado, somos seres limitados em afetos, ou se deixarmos-nos ser tirado o direito de sonhar, cairemos sempre como "ratos na mesma ratoeira",buscar felicidade em alguém é altamente perigoso, não podemos perder o direito de negociar, se nos entregarmos sem algum acordo verbalizado multo entre todas as partes envolvidas antes que seja tarde demais para se arrepender de ter escolhido a pessoa amada a viver-se ao lado.

Celso Andrade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Coração sem melodia


O teu violão desafinado
ainda provoca-me arrepios,
e sempre confinada
vive minh'alma afogada
e afobada em teu som
desgrenhado, onde
encontro-me vivo
desabado em suas cordas
tortas querendo amar a
tua canção também desafinada,
ah seu tivesse o poder de
iludir, compraria um piano
também desafinado,
para acompanhar-te
nessa melodia sem dono
e sem casa, não tenho
dinheiro para o piano
e resolvi soltar minha voz,
porém afinada apenas no dó,
de você e dessa gente que
ouve bem essa canção, que me
extremesse, e me eleva,
resolvi partir, assim livro-me
de ti e da música que faz palpitar
tantos corações dissolvidos em acordes
e arpejos consonantes desse seu violão
de uma corda sol.

Celso Andrade.


Texto embaçado para um aprendiz


Às vezes pergunto-me porque temos a tendência a continuar amando depois de tantos, socos afetivos, desprezos, e paixõeszinhas não correspondidas?
Talvez seja um pacto entre a esperança e a vida, não morremos mais continuamos amando, continuamos esperando o que só Deus sabe, talvez essa paz que precisamos pensamos em encontrar em alguém, o sossego que não temos no cotidiano, é buscada no próximo, ou somos realmente incompletos a ponto de ir buscar num corpo coisas da alma que nem enxergamos, mas sentimos.
Alguns acabam perdendo a simplicidade em busca de modelos sensatos e sem graça, vindos de fora, que nem gostam mais está na moda, na TV, é comentado na roda de amigos, na faculdade, somos levado por uma criatura sem rosto, chamada consumismo, falsa felicidade, exposta na face de alguns que nem se quer teve o trabalho de pensar o porque, temos que casar, ter filhos, ter a mulher e o homem mais lindo(a), ter a chamada sexualidade adequada e sermos maquinas sexuais, ou o corpo do modelo da revista, pra chamar atenção dos outros, frequentar o restaurante mais caro, será mesmo pra isso que vivemos, será que é por isso nos sentimos incompletos, nos sentimos mal amados, se nem temos tempo pra pensar em afetividade, na pessoa que está ao nosso lado, na nossa família, a mãe carente e chegando a idade, o pai solitário e resmungão com seu "muro amoroso" com os filhos, o mendigo na esquina de casa que passamos e nem damos valor, será que estamos passando pela vida enegrecidos de sentimentos e caráter, e nem damos conta disso? Servimos apenas para festejar, praticar sexo, e "curtir", como chamam os jovens sem responsabilidade, sem saber que não "somos uma ilha" e que um dia precisaremos da maturidade e não teremos aprendido a amar o próximo, ou carregamos o que éramos criança e nos diziam que crianças não pensa e só serve para se divertir?

Celso Andrade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Passando pela vida

Onde eu ando?
Por aí, aos olhares,
nos olhares e pelos olhares...
de mim mesmo, ou
talvez de Deus,
quem sabe apenas vivendo
o silêncio que apavora
as relações humanas,
que aflige casas sem afetos,
ou simplesmente
vagando por ruas desertas.

O que faço?
Vivendo, em meio a turbilhões...
entre quatro paredes inexistentes,
onde o homem que conquistou algo na vida
é igual ao que nada tem...
ou apenas observando, para não errar
nem cair em ciladas de gentes sem alma,
nem se esbarrar na primeira pedra,
que quebra na esquina onde sento-me
toda noite.

Onde vou?
Pergunte a Deus...
ele sabe de tudo, ou talvez
nem diga-te.

Com quem ando?
Ando com Deus, abraçado a viva.

O quero?
Viver!
Não desdenhosamente a margem,
mais com o que tudo isso implica.


Celso Andrade